No dia 13 de outubro de 2024, a publicidade mundial se despediu de um de seus gigantes. Washington Olivetto, falecido aos 73 anos deixa um legado incomparável, marcado por campanhas que transcendem o tempo e permanecem vivas na memória dos brasileiros.
Com uma carreira de 55 anos, Olivetto transformou o cenário da publicidade com sua abordagem inovadora e sua habilidade única de criar histórias que capturam a essência da vida cotidiana.
Ele iniciou sua jornada como redator em 1969, rapidamente se destacando por sua criatividade e talento. Em 1970, criou a campanha “Homem de 40 Anos”, que se tornou um marco na publicidade brasileira ao desafiar o preconceito etário e conquistar o primeiro Leão de Ouro no Festival de Cannes para o Brasil.
Com esse feito, Olivetto consolidou sua genialidade e abriu caminho para o reconhecimento global da publicidade nacional.
Seu impacto não parou por aí: duas de suas campanhas estão entre os 100 comerciais mais influentes da história, sendo as únicas representantes do Brasil nessa lista prestigiada.
Lembre das 10 campanhas mais icônicas de Washington Olivetto.
Veja também:
1. “Primeiro Sutiã” para Valisère (1987)
Este comercial é talvez o mais famoso de Washington Olivetto. Ele aborda o rito de passagem feminino de uma forma delicada e inesquecível, contando a história de uma jovem que compra seu primeiro sutiã.
A frase final, “O primeiro sutiã a gente nunca esquece”, é memorável e carrega uma simplicidade e sinceridade emocionantes. A peça é um marco na publicidade por tratar de um tema íntimo com leveza e respeito, refletindo uma mudança no jeito de abordar a transição para a adolescência.
2. “Como Uma Onda” para Rider/Grendene (1993)
Usando a icônica música de Lulu Santos, “Como Uma Onda”, Olivetto transformou esse comercial em uma celebração de momentos efêmeros e da leveza da vida.
A campanha buscava vender chinelos Rider de uma maneira poética e envolvente. Em vez de focar apenas no produto, a peça capturava um estilo de vida descontraído e moderno, simbolizando as ondas do mar e a simplicidade de estar descalço.
Com isso, elevou o chinelo a um item aspiracional para pessoas de todas as idades.
3. “Portas” para Garoto (final dos anos 1990)
Este é um exemplo de como Washington Olivetto utiliza metáforas para promover a marca. Em “Portas”, as pessoas abrem diferentes portas e encontram bombons Garoto, sugerindo que o chocolate é uma espécie de recompensa escondida em momentos simples do cotidiano.
A campanha trabalha o conceito de surpresas agradáveis, associando o chocolate ao prazer e à descoberta, sem precisar ser grandioso ou extravagante. Um toque simples e envolvente para uma marca familiar e querida.
4. “Garoto Bombril” para Bombril (1978 em diante)
Esta série de comerciais é um ícone da publicidade brasileira. Carlos Moreno, o “Garoto Bombril”, apareceu em mais de 300 filmes ao longo dos anos, se tornando praticamente sinônimo da marca.
Olivetto criou uma persona divertida e acessível, que dialoga diretamente com o público. Com humor e simplicidade, os comerciais destacam as qualidades do produto, enquanto o personagem se conecta emocionalmente com os consumidores, tornando o Bombril uma marca atemporal.
5. “Hitler” para Folha de S.Paulo (1988)
Em “Hitler”, Olivetto fez algo ousado ao mostrar imagens de Adolf Hitler e outros ditadores enquanto um narrador fala sobre como é fácil construir um discurso persuasivo com dados manipulados.
A peça termina dizendo que “é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”, destacando o compromisso da Folha de S.Paulo com o jornalismo ético e imparcial.
Esse comercial é uma aula sobre ética e uma crítica ao uso indevido da informação, impactando o público de forma poderosa e provocativa.
6. “O Melhor Amigo do Carro e do Dono do Carro” para Cofap (1990)
Esta campanha é lembrada pelo simpático “cachorrinho Cofap”, uma alusão aos amortecedores que cuidam dos carros e de seus donos, trazendo conforto e segurança. Olivetto usou o humor e o carinho que as pessoas têm por cães para criar um vínculo emocional entre o produto e o consumidor.
Foi um jeito simples e eficaz de comunicar a importância dos amortecedores Cofap, tornando-os indispensáveis para os carros e, de quebra, criando um dos mascotes mais conhecidos da publicidade brasileira.
7. “Homem de 40 Anos” para CNP (1974)
Este comercial da Companhia Nacional de Seguros de Vida trouxe um olhar sobre a vida do homem de 40 anos, que encara o futuro com mais responsabilidade. Olivetto capturou esse momento de introspecção e reflexão, e fez uma conexão entre a fase da vida e a necessidade de pensar na segurança financeira da família.
A peça foi inovadora por falar diretamente para o público mais maduro, algo que era menos comum na época, tornando o seguro um tema mais humano e próximo da realidade do público.Seu grande sucesso garantiu um Leão de Ouro no Festival de Cannes e até se tornou projeto de lei.
8. “O Queijinho do Coração” para Chambinho (1984)
Chambinho, o queijinho do coração, ficou na memória das crianças (e adultos) dos anos 80. Com um jingle contagiante e um tom doce e amigável, a campanha fez de Chambinho uma referência de produto afetivo, focado em transmitir carinho e confiança para o público infantil.
Olivetto soube explorar bem o universo lúdico, fazendo do queijinho não apenas um alimento, mas um “amigo” das crianças, sempre associado a momentos felizes.
9. “Mon Bijou x Conforto” para Mon Bijou (1983)
No famoso comercial de Mon Bijou para a Bombril, foi criada uma campanha icônica e audaciosa, na qual o personagem Carlinhos, interpretado por Carlos Moreno, citava diretamente o amaciante concorrente, Comfort.
Esse tipo de abordagem, onde a concorrência é mencionada de forma explícita, era algo incomum e ousado na publicidade brasileira da época. No comercial, Carlinhos trazia à tona uma comparação direta, destacando as qualidades de Mon Bijou frente ao concorrente, gerando uma polêmica que rapidamente chamou a atenção do público e da mídia.
Essa estratégia não apenas reforçou a imagem de Mon Bijou, mas também transformou o comercial em um dos mais lembrados da época.
10. “O Pingo” para a Deca (1971)
No comercial “O Pingo”, criado por Washington Olivetto para a Deca, a simplicidade e o impacto visual foram usados de maneira magistral. A peça começa com uma cena que poderia ser banal: uma torneira pingando água de maneira constante, em um silêncio absoluto, durante 21 segundos.
A intenção é prender a atenção do espectador, quase criando uma sensação de desconforto pela repetição do som. A genialidade de Olivetto nesse comercial foi usar uma situação cotidiana para mostrar a eficiência do produto de maneira prática e direta, sem necessidade de efeitos elaborados ou diálogos longos.
Essa simplicidade e o uso do silêncio transformaram “O Pingo” em uma peça marcante, que permanecia na memória do público e fortalecia a confiança na marca.
Um gênio que fez a publicidade brasileira ter reconhecimento internacional
Washington Olivetto deixa para a publicidade um legado de criatividade, ousadia e sensibilidade ao criar campanhas que além de publicitárias são artisticas e capturam a essência do cotidiano brasileiro.
Em cada comercial, desde o humor leve até o tom mais reflexivo, Olivetto soube estabelecer uma conexão genuína com o público, explorando temas que transcendem a simples venda de produtos e transformando-os em símbolos culturais.
Assine a BRING ME DATA
Receba todas as notícias e análises de marketing que mais importam toda semana no seu e-mail. Assine a melhor newsletter de marketing: BRING ME DATA.