Fazer a diferença sem fazer nada de diferente
A recente publicação da Fast Company elenca as dez empresas mais inovadoras do mundo em 2023, ainda que o referido ano ainda não tenha nem começado.
Além disso, não seria imprudente pensar que uma pesquisa, em nível mundial, fosse impossível de ser realizada entre janeiro e fevereiro. É uma boa forma de chamar a atenção, mas nada inovadora.
Mesmo assim, vale a leitura dos casos apresentados, mais pela curiosidade e pela possibilidade de inspiração, do que pela consistência e lógica das escolhas realizadas. Afinal, será que não existe um caso semelhante aos descritos naquela lista na Indonésia, no Brasil ou na Islândia?
A rabugice desse que vos escreve leva impreterivelmente a alguns questionamentos imediatos em relação a lista das dez primeiras colocadas. A ausência de clareza e objetividade dos critérios de seleção torna inevitável a seguinte pergunta: “Do que se trata a inovação? E qual seu objetivo?”
A seleção aí elencada remete muito mais a fazer algo diferente do que a fazer algo inovador. E fazer diferente é ser inovador? Por que empresas e outras instituições perseguem tanto a pecha da inovação? Ser reconhecido como inovador(a) traz resultados efetivos ou se trata somente de uma questão de imagem institucional? Se sim, de qual tipo? É preciso ser inovador? Ou isso deve acontecer como conseqüência da busca por um desempenho mercadológico superior?
Pensemos, se existem metodologias prontas dos mais variados tipos e propostas (e existem muitas) para executar processos de inovação, é pertinente pensar que o resultado gerado nada será inovador. Método para fazer inovação? Sempre o mesmo método? Onde está a inovação do método de gerar inovação?
Quais são os parâmetros de qualificação para o estabelecimento daquilo que é ou não é inovação? A título de exemplo, muitos poderiam classificar o aplicativo Waze como uma solução extremamente inovadora, como assim o fizeram.
Por outro lado, outros diriam que se trata somente da transposição tecnológica do bom e velho guia de rua e da amizade entre pessoas. Afinal nos tempos áureos do guia de rua, quase sempre você interpelava um amigo sobre a localização de determinado endereço.
Recentemente, esse velho professor se deparou, numa de suas buscas googlenianas, com uma frase provocadora que passou a utilizar em alguns de seus projetos: “É preciso coragem para ser diferente e muita competência para fazer a diferença.”
Após a leitura da matéria da Fast Company, a velha rabugice permite afirmar que se pode fazer a diferença, ainda que não se faça nada de diferente. Afinal, de nada vale a coragem sem a competência. Fica aqui um sincero pedido de desculpas pela escrita de um texto muito mais “confundidor” do que esclarecedor.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data.