A sugestão de pauta das lendárias meninas da MACFOR para coluna dessa semana foi aromatizada com o mais elevado grau de vingança que pode existir. Um recado bem claro foi dado: “pare de atrasar a entrega de seu texto semanal, caso contrário, tudo pode ficar ainda pior.” O sexto sentido feminino me obrigou a falar de perfume, algo que realmente faz torcer o nariz desse velho professor de marketing rabugento.
Diante disso, vai a minha “re-vingança”. Essa coluna foi escrita na data do Dia Internacional das Mulheres. Que fique registrado meu grande apreço às referidas meninas, além do desejo utópico de um mundo mais favorável às mulheres, bem como a todo e qualquer conjunto de pessoas que padecem dos feitos e efeitos de uma sociedade defeituosamente injusta.
Isso posto, falar de perfume exige desse escrevinhador a encarnação mais pura do exercício de sua profissão. A justificativa de tal exercício está atrelada a somatória de dois fatos particulares. E o resultado de tal somatória está vinculado ao grau de paixão que esse consumidor final tem em relação a tal produto, algo como uma mera, e diminuta, empatia. Sou um usuário de perfumes, desde que adquiridos de forma gratuita por meio do regalo de outrem.
Somado a isso, vem o viés da formação em engenharia em simbiose à formação em marketing que leva, naturalmente, a encarar a existência de um perfume como algo lógico e ilógico ao mesmo tempo. O lado lógico vem pelo marketing, resumido na frase clássica que meus alunos jamais esquecem: “se um produto existe e vende, é porque atende ao um conjunto de desejos e necessidades. O processo de marketing não questiona desejos e necessidades, ele entende e atende.”
O lado ilógico é originado do viés da engenharia. Afinal, fabricar um perfume não requer um processo que exige atualização constante dos mais avançados recursos tecnológicos. Na verdade, trata-se de um processo que pouco se alterou em relação aos primórdios de sua criação em seus fundamentos. Assim sendo, para um engenheiro, é de fácil constatação que a fabricação de um perfume, quando alcançada uma escala mínima, é algo menos custoso do que se imagina.
E o ilógico vem de um raciocínio muito simples: diante dos custos de fabricação de um perfume, o que se cobra por ele é um algo inintendível. É admirável a existência de mecanismos mercadológicos leva consumidores finais, independentemente de sua classe econômica, a pagar de R$2,0 a R$10,0 por um único mililitro dessa substância cheirosa que dura pouco.
E quando se entende o porquê de isso acontecer, tal indignação vai ao máximo de sua potência. Em tempo: o processo de fabricação de um litro de leite é mais complexo do que de um litro de perfume e paga-se cerca de R$0,008 por cada um de seus mililitros.
O que é percebido como ilógico pela clássica formação de exatas é perfeitamente lógico quando encarado pela clássica formação de humanas. Tudo se inicia por responder: Por que as pessoas compram perfumes? O que leva um perfume ser desejado e adquirido seja lá qual for seu preço?
Obviamente, o responsável por isso é o processo de marketing, desde a criação do primeiro perfume comercializado em escala, ainda que nessa época a palavra “marketing” nem existisse.
Perfume, ao contrário dos shampoos, é puro desejo. Shampoos surgiram em função da necessidade de higiene pessoal. Evoluíram para satisfazer também os desejos ligados à vaidade. Batons surgiram a partir da vaidade e evoluíram para ser motivo de status. Perfumes surgiram, desde sempre, para além disso.
O que leva uma pessoa a adquirir um perfume é algo difícil de se explicar com subterfúgios do raciocínio lógico. O cheiro é um mero detalhe. O desejo motivador é algo emocional, emotivo e subjetivo. Pode estar associado a um estilo de vida, a algum momento de uma vida ou a vida que se espera ter em algum momento.
Obviamente, o responsável por isso é o processo de marketing, desde a criação do primeiro perfume comercializado em escala, ainda que nessa época a palavra “marketing” nem existisse.
Perfume, ao contrário dos shampoos, é puro desejo. Shampoos surgiram em função da necessidade de higiene pessoal. Evoluíram para satisfazer também os desejos ligados à vaidade. Batons surgiram a partir da vaidade e evoluíram para ser motivo de status. Perfumes surgiram, desde sempre, para além disso.
O que leva uma pessoa a adquirir um perfume é algo difícil de se explicar com subterfúgios do raciocínio lógico. O cheiro é um mero detalhe. O desejo motivador é algo emocional, emotivo e subjetivo. Pode estar associado a um estilo de vida, a algum momento de uma vida ou a vida que se espera ter em algum momento.
A criação de um perfume, ainda mais quando se tratar de produto mais sofisticado, requer obrigatoriamente a compreensão de fatores de ordem antropológica, psicológica e social, combinados em proporção mágica capaz de gerar identificação ilógica, incapaz de ser justificada em palavras.
Caso não for assim, o fracasso é praticamente inevitável.
Mas pode existir um golpe de sorte.
E isso é que se pode esperar do mais recente lançamento do perfume que leva o nome do ex-presidente da República Federativa do Brasil.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.