Nos primeiros quatro meses do ano, o porto de Rio Grande do Sul movimentou 6,4 milhões de toneladas de produtos do agronegócio, gerando uma receita de US$ 3,1 bilhões para a economia gaúcha.
by wirestock
Esses números destacam a importância do setor agro para a economia, especialmente considerando que esses valores representam uma recuperação após uma queda devido à estiagem em 2022.
As interrupções das estradas devido às enchentes representam um gargalo que complica o fluxo de escoamento de mercadorias essenciais como grãos, carnes, celulose e madeira para o mercado externo.
Fica evidente a vulnerabilidade crítica na infraestrutura que pode ter repercussões a longo prazo na capacidade de comércio do estado.
Contribuição das commodities
O trigo e a soja são particularmente notáveis, com o estado exportando 2,1 milhões de toneladas de trigo e 1,9 milhão de toneladas de soja.
Além disso, o segmento de carnes também é vital, com 239 mil toneladas de carne de frango e 83 mil toneladas de carne suína exportadas nos primeiros quatro meses do ano.
Soluções e incentivos necessários para superar o cenário
A melhoria da Infraestrutura é uma das necessidades mais urgentes no atual contexto. Investimentos em infraestrutura robusta e resiliente, especialmente em estradas e portos, para garantir a continuidade do fluxo de produtos, mesmo diante de desafios climáticos.
Tecnologias de previsão e resposta rápida, como as soluções desenvolvidas pela Agrosmart em inteligência climática, terão cada vez maior demanda.
Além disso, terão de ser intensificados os programas de apoio ao produtor com criação de seguro e subsídios que possam minimizar as perdas financeiras causadas por interrupções devido aos desastres naturais.
Setores mais impactados do agro
Grãos e proteínas: em 2022, o Brasil exportou mais de 87 milhões de toneladas de soja, sendo o maior exportador mundial deste grão. 82% do total das exportações brasileiras de grãos passam pelos portos do sul do país.
Analistas afirmam que mais de 5 milhões de toneladas de grãos devem ter sido afetadas com as enchentes no Rio Grande do Sul. A diversificação de rotas de escoamento torna-se crucial, especialmente em momentos de interrupções logísticas frequentes.
Soja e derivados: o setor de soja e seus derivados gera mais de 32 bilhões de dólares em receitas de exportação para o Brasil por ano. Com isso, o aprimoramento da infraestrutura logística é vital, visto que qualquer interrupção pode resultar em perdas milionárias.
Setor de Carne: o Brasil é um dos líderes globais na exportação de carnes, com o setor de carne bovina sozinho exportando cerca de 2 milhões de toneladas anualmente com receitas de aproximadamente 10 bilhões de dólares.
As exportações de carne de frango e suína também são significativas, com 4,2 milhões de toneladas e 1,1 milhão de toneladas exportadas, respectivamente. Este setor, portanto, deve priorizar não apenas a eficiência logística, mas também sistemas sanitários avançados e práticas de manejo que garantam a saúde e a produtividade dos animais, mitigando riscos de paralisações.
Quais devem ser as atitudes do grandes players do agro em face das enchentes no RS
Para superar os cenários de gargalos logísticos e danos causados pelas condições climáticas adversas, como as enfrentadas no Rio Grande do Sul, diversos segmentos do agronegócio precisam adotar estratégias proativas e colaborativas. Aqui estão alguns segmentos que devem ser particularmente ativos:
Agroindústria: este segmento é essencial para o valor agregado na economia agrícola. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), processar produtos agrícolas dentro do país pode aumentar o valor das exportações em até 30%.
Investimentos em infraestrutura logística são cruciais, pois a falta de eficiência pode resultar em perdas de até 25% dos produtos antes mesmo de chegarem ao mercado.
Sementeiras: a indústria de sementes é a base da produtividade agrícola. Relatórios indicam que uma boa gestão de sementes pode aumentar a produtividade em até 20%, destacando a importância de sistemas eficientes de logística e distribuição para garantir que as sementes de alta qualidade cheguem aos agricultores no tempo certo.
Grãos: os grãos representam uma parte significativa do PIB agrícola global. De acordo com a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o Brasil é um dos maiores exportadores de grãos, com exportações que ultrapassam 100 milhões de toneladas anualmente.
A diversificação das rotas logísticas pode reduzir os riscos associados às flutuações do mercado e às interrupções nas cadeias de suprimento.
Produtores de proteínas (carnes e derivados): a indústria de carnes no Brasil enfrenta o desafio contínuo de manter a integridade dos produtos durante o transporte. Investimentos em tecnologias de refrigeração e monitoramento em tempo real podem reduzir as perdas por deterioração em até 15%, garantindo que os produtos cheguem aos mercados internacionais em condições ótimas.
Setor de frutas e hortaliças: este segmento é particularmente sensível devido à alta perecibilidade dos produtos. Investimentos em novas tecnologias de embalagem e conservação têm mostrado potencial para reduzir as perdas pós-colheita em até 50%, segundo a FAO. Isso não apenas melhora a rentabilidade, mas também expande o alcance de mercado para produtores.
Indústria de fertilizantes e defensivos: a eficiência desta indústria é crítica para a segurança alimentar global. Relatórios mostram que uma distribuição eficaz de fertilizantes pode aumentar a produtividade das colheitas em até 40%.
A logística flexível e robusta é essencial para adaptar-se a interrupções e garantir que os agricultores recebam os insumos necessários para maximizar a produção durante períodos críticos.
Cada um desses segmentos, ao adotar estratégias focadas na resiliência, inovação e colaboração, pode superar os desafios imediatos e contribuir para uma cadeia de valor agrícola mais forte e sustentável a longo prazo.
Iniciativas do governo para superar os problemas de produção e logística no RS
O governo federal propõe diversificar a produção agrícola nos estados para reduzir a dependência de monoculturas, como o arroz no Rio Grande do Sul.
Isso incluirá incentivos para que outros estados aumentem sua produção de diversos cultivos, balanceando a produção nacional e mitigando os riscos associados a desastres naturais ou flutuações de mercado em um único estado.
Diante da expectativa de escassez devido às enchentes, o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva autorizou a importação emergencial de 1 milhão de toneladas de arroz.
Essa medida visa estabilizar os preços e garantir o abastecimento nacional, minimizando a pressão inflacionária que poderia surgir devido à redução da oferta interna.
Devem ser implementadas linhas de crédito com condições favoráveis para auxiliar produtores rurais afetados pelas chuvas. Isso inclui taxas de juros mais baixas e períodos de carência estendidos, permitindo que os produtores se recuperem financeiramente e reestabeleçam suas operações com menos pressão.
Há uma proposta de suspensão do pagamento de dívidas do estado, com possibilidade de redução ou suspensão de encargos, facilitando a recuperação econômica da região afetada sem acumular dívidas adicionais.
Impactos esperados
Produtores rurais: deve haver benefício direto pelas linhas de crédito e da renegociação de dívidas, o que pode ajudar a aliviar a carga financeira imediata e proporcionar recursos para a reconstrução e retomada das atividades agrícolas. A diversificação proposta pode oferecer novas oportunidades de mercado e reduzir a vulnerabilidade a choques futuros.
Agroindústria gaúcha: a diversificação de culturas pode diminuir a dependência do arroz, que é altamente susceptível a variações climáticas. Com mais culturas sendo produzidas, a agroindústria poderá ajustar melhor suas cadeias de suprimento e demanda, estabilizando sua produção ao longo do ano.
Grandes players do agronegócio: as grandes marcas poderão se beneficiar de uma base de suprimento mais estável e diversificada, reduzindo o risco de grandes flutuações nos custos e na disponibilidade de matérias-primas. A estratégia de diversificação também pode abrir novas linhas de produtos e mercados, impulsionando a inovação e a competitividade no setor.
Assine a melhor newsletter de agronegócio
Receba quinzenalmente todas as notícias e análises que mais importam no agronegócio. Assine a BRING ME DATA – Rotação de Culturas.