O setor de sementes no Brasil, um dos mais cobiçados pelos fundos de investimento, está passando por um grande ajuste.
Especialistas projetam uma grande consolidação no mercado, com possibilidade de que das 369 empresas de sementes atuais, menos de 100 sobrevivam nos próximos dez anos.
A transformação é impulsionada por margens mais apertadas e um cenário de vendas a prazo, com receitas que poderão ficar abaixo de R$ 30 bilhões.
Durante o Enssoja, Encontro Nacional dos Produtores de Sementes de Soja, Lars Schobinger, CEO da Blink Inteligência Aplicada, destacou que a indústria de sementes, apesar de ter movimentado R$ 33,5 bilhões na safra de 2022/2023 — um aumento de 18% em relação ao ano anterior — enfrenta um futuro desafiador.
A previsão é que haja uma queda de 20% no mercado, reduzindo a receita total para cerca de R$ 26,8 bilhões na próxima safra, impactada principalmente pelo ajuste de preços.
O ajuste do agro e seu impacto no setor de sementes
A indústria de sementes tem experimentado um crescimento anual de 5% em área e volume, enquanto a receita cresceu em média 17% anualmente, impulsionada pelo avanço da área plantada e pelo aumento da tecnologia nas sementes.
No entanto, o panorama está mudando, e o setor pode ver uma recuperação mais lenta do que o esperado, com previsões de aumento modesto de 2% na área plantada para a safra de 2024/2025.
Além das pressões econômicas, o setor também enfrenta desafios políticos e regulatórios importantes, como a recente tentativa, felizmente barrada, de imposição de R$ 10 bilhões em impostos adicionais sobre royalties pagos aos multiplicadores de sementes.
Tal medida teria impactado gravemente as já apertadas margens do setor.
Um dos maiores desafios é o alto índice de “sementes salvas” utilizadas pelos produtores brasileiros, que representam cerca de 22% do plantio.
Essa prática, que envolve o uso de soja guardada pelos agricultores como semente sem a devida certificação e pagamento pelo germoplasma, resulta em grandes perdas, estimadas em R$ 2,44 bilhões pela Blink Consultoria.
O ambiente para fusões e aquisições está aquecido, refletindo a necessidade de consolidação para sobreviver em um mercado de margens reduzidas.
Este cenário é evidenciado pela expectativa de que transações importantes ocorram em breve, como a potencial compra da Sementes São Francisco pelo Pátria Investimentos, e a discussão sobre a venda da Sementes Campeã, parte do grupo AgroGalaxy.
Essas transformações indicam um período de grandes mudanças para o setor de sementes no Brasil. Empresas que não conseguirem adaptar-se podem não sobreviver à onda de consolidação, resultando em um mercado dominado por um número menor, porém mais robusto, de competidores.
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