Há uma década, startups que transformaram serviços convencionais em algo acessível para grande parte das pessoas surgiram como opções mais econômicas, convenientes e até divertidas.
Ao invés de pedir um taxi, você pode deixar um desconhecido te dar uma carona no carro dele. Ao invés de pegar um quarto caro de hotel, você pode ficar no quarto de hóspedes de um local e receber as melhores dicas.
Assim a Uber e o Airbnb mudaram a dinâmica dos seus segmentos e evoluíram de startups para gigantes e, agora, seus serviços já não são mais tão acessíveis.
Uber e Airbnb são considerados serviços disruptores. Mas o que é isso?
O que são serviços disruptores?
Serviços como Uber e Airbnb são frequentemente considerados “disruptores” no mercado. Eles são chamados assim, porque mudaram a forma como as pessoas acessam transporte e hospedagem, respectivamente, substituindo ou competindo com modelos tradicionais como táxis e hotéis.
Esses serviços utilizaram a tecnologia para oferecer soluções inovadoras e convenientes, atraindo consumidores e forçando as indústrias estabelecidas a se adaptarem. Ou seja, são disruptores, pois promoveram a mudança dos segmentos convencionais para os quais foram desenvolvidos.
No contexto do mercado brasileiro, essas empresas também são vistas como exemplos de “plataformas de economia compartilhada” (ou “economia colaborativa”), onde indivíduos podem oferecer serviços ou produtos diretamente a outros consumidores, muitas vezes mediadas por uma plataforma digital.
Além disso, são considerados “marketplaces” que conectam prestadores de serviços a consumidores, revolucionando a forma como esses serviços são contratados e consumidos.
Agora, os serviços disruptores estão mudando
Entre 2018 e 2021, os preços médios da Uber subiram 92% e de 2019 a 2022, as diárias médias do Airbnb aumentaram 36%.
Os preços baixos, evidentemente, não durariam para sempre. Muitas dessas empresas, sustentadas por investidores, ofereciam preços baixos e promoções para atrair clientes, mas não tinham lucro.
O custo de vida aumentou de forma geral e os clientes podem estar desistindo também dos serviços disruptores. Segundo o Business Insider, alguns estão voltando aos comportamentos anteriores aos apps: usando transporte público ou táxis, reservando hotéis, cozinhando suas próprias refeições e sendo mais criteriosos com suas assinaturas.
Como os disruptores vão recuperar seu prestígio?
Para voltar a ocupar o lugar de marca legal e acessível na mente do consumidor, outros disruptores além de Uber e Airbnb estão tomando algumas atitudes.
Redes de fast-food, de McDonald’s a Starbucks, estão oferecendo promoções para atrair consumidores conscientes dos preços, que deixaram de lado a mentalidade do “você merece”.
Netflix e serviços de streaming estão apertando o cerco contra o compartilhamento de senhas e aumentando os preços para gerar mais assinaturas.
Recentemente, o Airbnb anunciou comodidades de luxo, o que indica uma tentativa de se parecer mais com os hotéis que um dia tentou disruptar.
Principais mudanças dos serviços disruptores
Ao longo da transformação positiva que os serviços disruptores como Airbnb, Uber e Netflix promoveram em seus segmentos, eles também acabaram causando espécies de reações adversas no mercado.
- O cenário atual do entretenimento por streaming é criticado por pagar criadores e artistas muito menos do que o rádio e a TV aberta pagavam.
- O Airbnb é acusado de contribuir para a crise da moradia acessível.
- Lobbies de táxis criticam as plataformas de transporte por aplicativo há anos, mas agora, em alguns mercados, estão se associando a elas.
- A Amazon foi acusada de preços predatórios, ou seja, de baixar os preços para eliminar a concorrência, atrair consumidores e depois aumentá-los, mas se tornou tão onipresente que os clientes continuam a utilizá-la, apesar de inúmeras controvérsias.
À medida que os clientes percebem que os dias de luxos baratos chegaram ao fim, é provável que empresas maiores como Uber e Airbnb encontrem maneiras de manter os consumidores.
O Business Insider sugere que algumas podem recorrer a táticas já mal vistas, como preços dinâmicos ou gamificação.
Quais serão os próximos passos dos serviços disruptores?
Especialistas do mercado têm observado várias soluções e tendências emergentes em resposta ao aumento dos preços de serviços disruptores como Uber e Airbnb. Algumas das principais estratégias e alternativas discutidas incluem:
Reavaliação de modelos de negócio
Com o aumento das taxas de juros e a inflação, os investidores estão menos dispostos a subsidiar preços baixos para atrair consumidores, forçando empresas como Uber e Airbnb a ajustar seus modelos de negócios para focar mais na lucratividade do que na expansão a qualquer custo.
Isso inclui a implementação de preços dinâmicos (como preços por demanda) e estratégias de gamificação para atrair e reter clientes, apesar dos custos mais altos.
Mudança no comportamento dos consumidores
Com o aumento dos custos, muitos consumidores estão retornando a comportamentos anteriores aos apps, como usar transporte público, táxis tradicionais e hotéis em vez de serviços como Uber e Airbnb.
Isso tem forçado as empresas a oferecer promoções e descontos para tentar reconquistar esses clientes. No entanto, a persistência dessas práticas pode prejudicar a fidelidade dos clientes a longo prazo.
Concorrência e alternativas mais acessíveis
O aumento dos preços tem levado os consumidores a explorar alternativas mais acessíveis, como plataformas menos conhecidas ou serviços tradicionais que agora competem diretamente com os gigantes disruptores.
Isso cria um novo ambiente competitivo onde a conveniência é apenas um dos fatores considerados na escolha do serviço.
Essas soluções mostram que, enquanto o mercado de serviços disruptores enfrenta desafios, há uma adaptação contínua tanto das empresas quanto dos consumidores para lidar com o novo cenário econômico.
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