O Brasil é conhecido por sua diversidade cultural e religiosa, e um dos grupos que mais se destaca em termos de influência e crescimento é o dos evangélicos.
Representando atualmente mais de um terço da população, os evangélicos estão prestes a se tornar o maior grupo religioso do país nos próximos dois anos.
Contudo, as marcas parecem não estar aproveitando o potencial desse público, que é altamente fiel, engajado e orientado por valores como prosperidade e ética.
A pesquisa “O Brasil Evangélico”, conduzida pela Data Makers, revela dados impressionantes sobre o comportamento de consumo, percepções sobre marcas e o impacto da religião nas decisões de compra desse público. Este artigo explora os principais insights da pesquisa e como as empresas podem se conectar melhor a esse segmento que moldará o futuro do consumo no Brasil.
Quem são os evangélicos no Brasil hoje?
Os evangélicos já representam 39% da população brasileira e, com um crescimento constante, devem superar o catolicismo como a maior religião do país em breve. Esse grupo não apenas é grande em número, mas também apresenta um envolvimento profundo com a religião: 43% dos evangélicos dizem ter um alto engajamento religioso, em comparação com apenas 14% dos não-evangélicos.
Esse alto nível de envolvimento se reflete em diversos aspectos de sua vida, incluindo o consumo. Para os evangélicos, a religião vai além da fé: ela influencia suas decisões de compra, suas preferências por marcas e até sua disposição de boicotar empresas que não se alinhem aos seus valores.
Religião como fator de decisão de compra
Uma das descobertas mais impactantes da pesquisa é que 54% dos evangélicos deixariam de comprar um produto caso ele fosse contra algum princípio cristão, em comparação com apenas 28% dos não-evangélicos. Isso mostra como a religião atua como um filtro ético para o consumo, moldando o que é ou não aceitável.
Além disso, 37% dos evangélicos relatam que a religião tem uma grande influência em suas decisões de consumo, um percentual significativamente maior que os 24% dos não-evangélicos. Esse comportamento indica que os evangélicos estão atentos às mensagens que as marcas comunicam e esperam que seus valores sejam respeitados.
Boicotes e a força do boca a boca religioso
O envolvimento ético dos evangélicos com o consumo vai além de simplesmente evitar certos produtos. A pesquisa aponta que 75% dos evangélicos não apenas boicotariam uma marca por motivos religiosos, mas também incentivariam outras pessoas a fazer o mesmo. Esse número é impressionante quando comparado aos 16% dos não-evangélicos que adotariam a mesma postura.
Essa predisposição ao boicote é um reflexo direto da importância que os valores têm para esse público. Marcas que ignoram ou desrespeitam esses princípios correm o risco de enfrentar uma rejeição em massa. Por outro lado, empresas que se alinham a esses valores podem se beneficiar de um público altamente fiel e engajado, que é movido por redes de recomendações pessoais e comunitárias.
Falta de representatividade nas marcas e publicidade
Apesar de seu tamanho e influência, os evangélicos se sentem amplamente ignorados pelas marcas. Segundo a pesquisa, 52% dos evangélicos não se sentem representados na publicidade, sendo que na classe DE essa percepção é ainda maior, chegando a 63%.
Essa falta de representatividade é especialmente marcante em certos setores:
- 69% não se sentem representados por bares, restaurantes e casas noturnas.
- 26% apontam falta de identificação com marcas de moda.
- 19% sentem o mesmo em relação a alimentos e bebidas.
Essa desconexão entre as marcas e o público evangélico representa uma oportunidade perdida. Este é um grupo que valoriza a prosperidade financeira, evita inadimplência e prioriza compras éticas, características que o tornam altamente atraente para estratégias de fidelização.
O futuro do consumo: evangélicos como motor do mercado
Outro dado impressionante da pesquisa é que 47% dos evangélicos projetam aumentar seus gastos nos próximos 12 meses, em comparação com 32% dos não-evangélicos. Isso posiciona os evangélicos como um dos motores do crescimento do consumo no Brasil.
Essa tendência é impulsionada por valores religiosos que enfatizam a prosperidade e a boa gestão financeira. Os evangélicos não apenas consomem mais, mas fazem isso de maneira consciente, evitando inadimplência e buscando alinhar suas compras aos seus princípios.
Onde os evangélicos estão no digital?
No ambiente digital, os evangélicos têm preferências claras em relação aos canais de comunicação. Os dados da pesquisa mostram que:
- Instagram (27%) e YouTube (23%) são as plataformas favoritas.
- Streamings (11%) e TikTok (7%) vêm crescendo como opções relevantes.
- Apesar disso, Facebook (6%) e TV (6%) ainda têm presença significativa.
Esses números indicam que os evangélicos estão altamente digitalizados e que as marcas precisam investir em estratégias que combinem alcance online com mensagens que ressoem com seus valores.
Para as marcas, conectar-se ao público evangélico requer mais do que adaptar campanhas de marketing. É necessário entender profundamente os valores desse grupo e alinhar produtos, mensagens e práticas de maneira autêntica. Aqui estão algumas estratégias:
- Respeitar os princípios éticos: As marcas precisam garantir que seus valores corporativos não entrem em conflito com os princípios cristãos desse público.
- Representatividade na publicidade: As campanhas devem refletir a diversidade e os valores dos evangélicos, especialmente nas classes mais baixas, onde a desconexão é mais evidente.
- Aproveitar figuras públicas confiáveis: 63% dos evangélicos são influenciados por recomendações de figuras públicas, tornando este um canal poderoso para engajamento.
- Ação social e propósito: Iniciativas que demonstrem comprometimento com causas sociais, sustentabilidade e prosperidade coletiva podem criar uma conexão emocional mais forte com os evangélicos.
- Canais digitais estratégicos: Investir em Instagram e YouTube é essencial para alcançar esse público onde ele está mais engajado.
Conclusão
Os evangélicos são muito mais do que um grupo religioso em crescimento; eles são um público potente, engajado e com valores claros que moldam suas decisões de consumo. Para as marcas que estão atentas, existe uma oportunidade única de se conectar com um segmento que será o motor do crescimento no Brasil nos próximos anos.
Porém, essa conexão exige autenticidade, respeito e um compromisso real com os valores desse público. Ignorar os evangélicos não é apenas uma perda de mercado — é deixar de lado um público que tem o poder de transformar marcas e moldar o futuro do consumo no país.
Acompanhe o blog da Macfor para ficar por dentro dos principais updates de marketing digital e assine a BRING ME DATA para receber as notícias e análises de mercado mais importantes toda segunda de manhã.