Peço desculpas, sinceramente, a todos os agricultores e produtores rurais que são injustamente crucificados pela falta de informação sobre a realidade econômica e operacional do agronegócio.
Dizer que “se tá caro, a culpa é do agro” não é apenas errado, mas uma narrativa perigosa e superficial.
Entendam de uma vez por todas: o agro brasileiro compra insumos como fertilizantes, defensivos agrícolas, máquinas e sementes majoritariamente precificados em dólar. Agora, imagine essa realidade absurda: COMPRAR EM DÓLAR E VENDER EM REAL. Alguém realmente acredita que isso seria sustentável?
Vamos falar com números:
- Fertilizantes tiveram aumentos superiores a 200% recentemente.
- Defensivos agrícolas subiram mais de 70%.
- Máquinas agrícolas enfrentaram alta superior a 40%.
Esses aumentos são consequências diretas da volatilidade cambial e dos desafios econômicos globais.
Além disso, a inflação brasileira acumulada nos últimos anos ultrapassou os 25%, com taxas de juros chegando a dois dígitos, encarecendo ainda mais o crédito e dificultando o investimento produtivo.
E não podemos esquecer da carga tributária: cerca de 40% do preço final de alimentos são impostos e encargos que o produtor não controla.
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Acusar o agro por exportar é ignorar que essas exportações sustentam nossa economia, gerando mais de US$159 bilhões em divisas anuais, mantendo empregos e equilibrando nossa balança comercial.
Sim, precisamos lutar por comida mais barata, mas direcionem essa luta corretamente: exijam reformas tributárias e administrativas, eficiência governamental e políticas econômicas sérias. Buscar culpados fáceis não resolve problemas complexos.
Recomendo a leitura urgente de “Economia Brasileira Contemporânea”, de Luiz Carlos Bresser-Pereira, e “Por que as Nações Fracassam”, de Daron Acemoglu e James Robinson, para entender melhor que problemas econômicos não se resolvem com narrativas simplistas.
Atacar quem planta, produz e garante nosso alimento diário é atacar o único setor que mantém nosso país de pé economicamente. Chega de acusações rasas. Vamos focar no verdadeiro culpado: uma estrutura econômica que precisa urgentemente ser revisada.
Diogo Luchiari é Top Agribusiness Voice, sócio e chief agribusiness officer da Macfor, maior agência de marketing para agronegócio do país, é formado em Engenharia Agronômica pela UNESP e Universidade de Minnesota com MBA em Marketing pela FGV-SP e pós-graduação em Data Science e IA. Especialista em inteligência comercial e soluções para o agro, ele lidera estratégias de marketing digital baseadas em Data Science.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data-Rotação de Culturas e do blog da Macfor.