A ascensão da neostalgia foi percebida a partir de um movimento crescente nas redes sociais, na cultura pop e no comportamento de consumo digital que indicaram que essa seria indiscutivelmente a maior tendência de 2025.
O fenômeno ficou evidente quando, pós-pandemia, o público começou a buscar conforto emocional em elementos do passado, revivendo memórias e reinterpretando estilos, estéticas e experiências com a linguagem e as ferramentas do presente.
Esta é a chave da neostalgia: não se trata apenas de reviver eras passadas, mas especialmente de reinterpretá-las, afinal, como o nome já diz, não é só nostalgia é uma nova nostalgia.
Plataformas como TikTok, Instagram e Spotify passaram a evidenciar esse padrão de comportamento: filtros com efeitos retrô, vídeos com estética de fita VHS, playlists com hits dos anos 90 e 2000, além de uma avalanche de conteúdos que remetem à infância ou juventude dos millennials e da Geração Z.
A nostalgia deixou de ser uma lembrança passiva e se transformou em uma ferramenta ativa de expressão, identidade e consumo. Foi aí que a tendência ganhou um nome e um novo status: neostalgia.
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O que é neostalgia?
Neostalgia é a fusão entre o passado e o presente: trata-se da nostalgia reinterpretada no contexto digital, com uma nova roupagem tecnológica, estética e emocional.
Ao contrário da nostalgia tradicional, que costuma ser um sentimento melancólico ou contemplativo, a neostalgia é interativa, colaborativa e profundamente conectada à cultura da internet.
Ela se manifesta como um desejo de reviver experiências passadas com as ferramentas do agora — seja através de filtros, jogos, músicas, roupas ou narrativas visuais que resgatam décadas anteriores com um toque de inovação e criatividade.
Principais exemplos de neostalgia em 2025
A tendência de 2025 ganhou corpo real no mercado e hoje está presente em vários setores:
Moda: o retorno de estéticas Y2K (anos 2000), como calças cargo, óculos coloridos, presilhas e sneakers volumosos, agora combinados com tecnologia e sustentabilidade. Marcas como Diesel, Balenciaga e até varejistas como C&A e Shein têm surfado nessa onda.
Entretenimento: reboots de séries como Friends, iCarly e That ’90s Show; trilhas sonoras de filmes inspiradas nos anos 80 e 90; e uma enxurrada de remakes, inclusive de novelas, e remasterizações no cinema e no streaming.
Games e tecnologia: relançamento de consoles clássicos como Nintendo 64 e PlayStation 1 em versões modernas; boom de jogos indie com visual pixelado (como Stardew Valley ou Celeste); e até o retorno dos flip phones com design vintage e tecnologia smart.
Marketing e branding: a volta de slogans clássicos, embalagens retrô e campanhas que resgatam jingles ou personagens icônicos. Um exemplo marcante é a Coca-Cola com sua série de latas com design dos anos 80 e o revival do bordão “I’d like to buy the world a Coke”.
Redes sociais e estética digital: filtros que simulam câmeras antigas, vídeos com trilhas sonoras retrô, e a explosão de movimentos como o “corecore” e o “nostalgia-core” no TikTok, que usam imagens do passado para transmitir sensações intensas e contemplativas.

A psicologia da nova nostalgia
A neostalgia, ou nostalgia por épocas não vividas, tem se manifestado de forma marcante entre as gerações mais jovens, especialmente os Millennials e a Geração Z.
Esses indivíduos demonstram uma afinidade crescente por estilos, músicas e culturas de décadas passadas, como os anos 1980 e 1990, apesar de não terem vivido diretamente essas épocas. Esse fenômeno pode ser compreendido por meio do contexto psicológico e até socioeconômico.
Fatores psicológicos da neostalgia
A nostalgia é uma emoção complexa que envolve uma saudade por momentos passados e funciona como um mecanismo de enfrentamento em tempos de estresse ou incerteza. Pesquisas indicam que a nostalgia pode proporcionar conforto emocional, reforçar a identidade pessoal e promover conexões sociais.
Psicólogos destacam que a nostalgia pode ser uma ferramenta poderosa para encontrar significado e continuidade na vida.
No contexto da Geração Z, a neostalgia não se limita a experiências pessoais passadas já que se estende a uma idealização de períodos históricos anteriores ao seu nascimento. Essa forma de nostalgia histórica serve como recurso psicológico, auxiliando os jovens na construção de suas identidades e na busca por inspiração criativa.
Aspectos culturais da nova nostalgia
O cenário socioeconômico atual, caracterizado por rápidas mudanças tecnológicas, instabilidade política e desafios econômicos, contribui para a busca por conforto em elementos do passado.
A Geração Z cresceu em um ambiente digitalizado, onde o acesso instantâneo a informações e conteúdos de diferentes épocas é facilitado. Essa exposição constante permite que eles explorem e se conectem com culturas e estéticas de períodos anteriores, muitas vezes percebidos como mais simples ou autênticos.
Além disso, a nostalgia é frequentemente utilizada como estratégia de marketing que aproveita o desejo dos consumidores por produtos e experiências que remetem ao passado. Marcas têm capitalizado essa tendência ao reintroduzir produtos e estilos vintage para criar uma ponte entre gerações e atender ao anseio por uma conexão emocional com tempos percebidos como mais estáveis ou felizes.
Por que a neostalgia é a grande tendência de 2025?
Por que buscar conforto na nostalgia? Por que em 2025 isso é tão forte?
A instabilidade econômica global tem impactado muito os jovens. De acordo com a Deloitte Global 2024 Gen Z and Millennial Survey, apenas cerca de um terço dos Gen Zs e Millennials acreditam que a situação econômica em seus países melhorará no próximo ano, refletindo um otimismo cauteloso.
Além disso, 3 em cada 10 afirmam não se sentir financeiramente seguros, e aproximadamente 60% usa toda ou quase toda a renda para cobrir despesas básicas. O custo de vida permanece como a principal preocupação, superando questões como mudanças climáticas, desemprego e saúde mental.
Ansiedade e desconfiança tecnológica
A rápida evolução tecnológica, incluindo o avanço da inteligência artificial (IA), tem gerado sentimentos mistos entre os jovens.
É uma relação muito ambígua. Embora 86% dos gen Zs considerem a tecnologia essencial em suas vidas, muitos expressam desconfiança em relação à segurança baseada em IA. A pesquisa do Delloite revelou que 72% dos Gen Zs desconfiam da segurança proporcionada por IA, principalmente devido a preocupações com privacidade e violações de dados.
Busca por conforto no passado
Diante dessas incertezas, os jovens têm encontrado conforto em elementos do passado. Estudos indicam que 50% dos gen Zs sentem nostalgia por mídias de décadas anteriores, pois elas remetem a tempos percebidos como mais simples. Essa tendência se manifesta em diversas áreas:
- Música e cultura: casamentos de Gen Zs estão incorporando músicas das décadas de 1970 a 1990, refletindo uma conexão com as preferências musicais de gerações anteriores.
- Moda: o ressurgimento da estética “boom boom”, inspirada nos anos 1980, destaca a preferência por estilos ousados e extravagantes.
- Tecnologia retro: há uma valorização crescente de dispositivos como câmeras Polaroid e discos de vinil, evidenciando o desejo por experiências mais tangíveis e autênticas.
A nostalgia tornou-se a maior tendência de 2025 como um mecanismo de enfrentamento para as gerações mais jovens em meio a um cenário de rápidas mudanças tecnológicas e incertezas socioeconômicas.
Ao se reconectar com elementos do passado, esses indivíduos buscam conforto, identidade e uma sensação de estabilidade em tempos desafiadores.
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