Ausência de marcas do agronegócio nos rankings das marcas mais lembradas, amadas ou valiosas do mundo inteiro é um alerta para as empresas do setor.
O agronegócio é um dos grandes pilares da economia mundial, pois dá suporte à segurança alimentar, o desenvolvimento rural e a balança comercial dos países.
Em 2025, a relevância econômica do setor continua a crescer, principalmente por ser responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) em diversas nações, com destaque para o Brasil, China e Estados Unidos.
No entanto, apesar do seu peso econômico, a presença das marcas do agronegócio nos rankings globais de marcas mais lembradas e amadas ainda é incipiente.
A Macfor analisou o impacto global das marcas do agronegócio em 2025, explorando sua representatividade nos principais mercados do mundo, com foco em Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França e China.
Além disso, indicamos os desafios e oportunidades para que essas marcas construam maior conexão emocional e reconhecimento junto ao público final, ampliando sua influência para além do ambiente B2B e institucional.
Veja também: Um pedido de desculpas ao agronegócio
Representação do agronegócio na economia Global
A participação do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto) dos países ajuda a compreender a importância do setor na economia local. Em 2025, destacam-se os seguintes dados:
- Brasil: 23% do PIB
- Estados Unidos: 18,7% do PIB
- China: 15% do PIB
- França: 1,7% do PIB
- Reino Unido: 0,6% do PIB
Vê-se que especialmente em países como Brasil, Estados Unidos e China, o setor é um protagonista da economia. No entanto, a presença das marcas do agronegócio no imaginário do consumidor final não corresponde à essa importância.
Vamos analisar esse cenário a seguir.
Marcas do agronegócio nos rankings globais: o que explica a ausência do setor?
Apesar da relevância do agronegócio em países como Brasil, Estados Unidos e China, as marcas do setor raramente figuram entre as mais lembradas ou amadas pelos consumidores finais.
A seguir, analisamos os principais rankings recentes em cada país e o que eles revelam sobre a percepção das marcas do agronegócio.
Brasil
A pesquisa “Brasilidades: Quantos Brasis cabem no Brasil?”, da MindMiners (2025), apontou que as cinco marcas que melhor representam a identidade brasileira, de acordo com os consumidores, são:
- Natura (10%)
- Havaianas (7%)
- Petrobras (6%)
- Guaraná Antarctica (2%)
- O Boticário (2%)
Nenhuma delas está diretamente ligada ao agronegócio, apesar do setor responder por 23% do PIB brasileiro. Fica evidente a lacuna entre o peso econômico do agro e sua representatividade junto ao grande público.
Estados Unidos
Nos EUA, onde o agronegócio representa 18,7% do PIB, o ranking das marcas mais amadas (Morning Consult, 2025) inclui:
- Google
- Hershey’s
- Pillsbury
- Amazon
- UPS
Nenhuma marca agrícola tradicional aparece neste top 5. Marcas do agro, como John Deere ou Cargill, possuem forte atuação B2B, mas sua conexão com o consumidor final é limitada.
China
A China é um caso singular, com o agronegócio representando 15% do PIB. O ranking das marcas mais valiosas (Statista, 2025) inclui:
- ICBC (Industrial and Commercial Bank of China)
- TikTok
- China Construction Bank
- State Grid Corporation of China
- Agricultural Bank of China
Aqui, o setor agro se faz presente por meio do Agricultural Bank of China, um exemplo de marca do agro ligada ao segmento financeiro que conseguiu alcançar destaque e valor de mercado significativo.
França
Com 1,7% do PIB representado pelo agronegócio, a França apresenta um top 5 de marcas amadas que inclui:
- Bic
- Bonne Maman
- Barilla
- St Michel
- Lu
São marcas ligadas a bens de consumo e alimentação, mas não especificamente agrícolas.
Reino Unido
No Reino Unido, o agronegócio contribui com apenas 0,6% do PIB. As marcas mais amadas segundo a pesquisa Savanta (2025) são:
- Amazon
- Cadbury
- Apple
- Samsung
- Coca-Cola
O baixo impacto econômico do agro reflete-se na pouca relevância das marcas do setor no ranking, que privilegia tecnologia e bens de consumo.
Análise do cenário global das marcas do agronegócio
A discrepância entre a potência do agronegócio e a ausência de suas marcas nos rankings das mais lembradas globalmente levanta alertas para o setor.
Segundo os especialistas em marketing no agro da Macfor, essa lacuna evidencia que, apesar da força produtiva, as marcas ainda não têm força de branding, nem construíram uma conexão emocional sólida com o público consumidor final.
Conexão emocional e posicionamento do agro
As marcas do agronegócio precisam ir além da funcionalidade do produto e se posicionar como símbolos culturais, reforçando valores como sustentabilidade, inovação e responsabilidade social. Isso cria vínculo afetivo e relevância na memória do consumidor.
O desafio do B2B para B2C
Muitas marcas do setor operam predominantemente em mercados B2B, o que limita sua visibilidade e identificação direta com o público em geral.
Para romper essa barreira, é fundamental investir em estratégias de comunicação que humanizem a marca e enfatizem seu papel no cotidiano das pessoas.
A integração de ações de branding com conteúdo educativo e engajamento social pode transformar percepções e ampliar a lembrança.
Sustentabilidade como diferencial competitivo
A crescente demanda global por práticas sustentáveis no agronegócio é uma oportunidade para as marcas se diferenciarem. Marcas que comunicam efetivamente seus compromissos ambientais e sociais tendem a ganhar maior aceitação e fidelidade dos consumidores.
Exemplos para inspirar
O caso do Agricultural Bank of China ilustra como uma marca ligada ao agronegócio pode atingir destaque quando combina solidez financeira com um posicionamento estratégico que dialoga com grandes públicos.
No Brasil, há várias grandes marcas com potencial para ampliar sua relevância. As que já lideram com essa frente com destaque são Syngenta e Cocamar.
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