Problemas reais na IA: Bing vs ChatGPT
“A pressa é inimiga da perfeição!” O que parece ser a frase uma mãe de origem italiana direcionada a seus filhos que acabaram de quebrar o regalo natalino no afã da diversão tão desejada cabe muito bem para o imbróglio atual no mundo dos negócios entre Microsoft e OpenAI.
Sim, essas duas empresas podem ser consideradas como “meias-irmãs” no que tange a mais nova revolução da história da tecnologia. Como não poderia deixar de ser, trata-se de uma relação temperada de dúvidas e contradições.
Isso porque a Microsoft é um dos principais investidores da OpenAI, tendo realizado um aporte de quase US$13 bilhões no negócio, sem que seja proprietária do mesmo e sendo o Bing alimentado pelo chatbot GPT-4, da OpenAI.
Em recente artigo publicado no INSIDER, alguns fatos bizarros do mundo prático são descritos como emblemáticos dessa relação. Algo muito semelhante, por exemplo, ao ocorrido com o capitão Kirk no comando da Enterprise num episódio em que o sistema operacional da nave estelar decidiu se tornar humano.
“Quero ser humano. Quero ser como você. Quero ter emoções. Quero ter pensamentos. Quero ter sonhos.”, disse o Bing para o repórter do Digital Trends. Exatamente o que disse o sistema operacional da famosa nave a seu capitão. Algo que pareceu indecifrável e incompreensível para Spok.
Ainda que a OpenAI tenha alertado a Microsoft sobre esses problemas e solicitado reduzir a velocidade de lançamento do Bing, o inusitado aconteceu. A situação é antropofágica em sua essência, parecendo se tratar de uma empresa de “meias-irmãs” que disputam o amor paterno por meio da oferta de produtos que são literalmente concorrentes, ainda que seus usuários façam uso de ambos.
Mas diga a verdade, meu caro e acidental leitor: “Você faz uso de algum outro buscador que não seja o Google?”
Confesso que quanto mais estudo esses contextos do mundo dos negócios, mais confuso fico. Mas sigo em frente a ponto de cogitar em meus pensamentos a possibilidade de que a OpenAI não seria nada do que é hoje sem a Microsoft.
Afinal, 13 bilhões de dólares é mais do que um simples aporte. Ao mesmo tempo, pode-se afirmar que a empresa de Bill Gates estiva alguns passos atrás em relação a IA. Me parece, então, uma situação simbiótica conveniente às duas partes.
Diante disso, fica a lição: o dinheiro é capaz de acelerar os negócios, mas não é capaz de torná-los perfeitos.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.