Airbnb: o mais importante é ser notícia
Em tempos de grandes transformações advindas do impacto da evolução tecnológica, alguns tipos de empresas facilmente entram em pautas jornalísticas de blogs, jornais, podcast´s e afins. Essa “facilidade” é ainda maior quando se trata de empresas cujo modelo de negócio foi concebido e construído sobre alicerces tecnológicos.
Resumindo, são “a bola da vez” nos mais variados gramados midiáticos, justificado em função de suas marcas institucionais serem capazes de gerar elevados níveis de audiência. Sempre foi assim. Desde o momento que o jornalismo deu seus primeiros suspiros existenciais.
E sim, existem vários gramados diferentes, o que faz com que um mesmo jogo possa ser narrado como uma tragédia ou como uma comédia.
Isso obriga alguns profissionais fazerem análises de determinado jogo com olhos críticos e sempre com certa desconfiança. O primeiro profissional dessa lista é aquele que se intitula como professor. Se ainda for velho, rabugento e de marketing, o mais “cri-cri” e chato de todos.
A inspiração desse introito é a recente matéria publicada no portal da Exame e recomendada pelas meninas da Macfor para confecção dessa coluna. A “bola da vez” é a Airbnb e as recentes notícias a respeito de seu momento atual, tão noticiado e, consequentemente, comentado por inúmeros usuários das plataformas digitais.
Esses são como as pessoas presentes nas arquibancadas de um espetáculo esportivo. Nem merece ser lido, a não ser quando se busca algo para se entreter.
A questão central gira em torno das declarações do CEO da Airbnb que, resumidamente, apresenta um contexto que descreve um desequilíbrio crescente entre as ambições de quem oferta hospedagens e de quem as demanda.
Trata-se da questão mais antiga do mundo dos negócios, a discrepância entre “oferta & demanda”, algo contundente para qualquer negócio, mas ainda mais para a Airbnb.
Isso porque seu modelo de negócio não a tem como protagonista da origem de uma oferta ou de uma demanda, mas somente uma ponte entre ambas.
E quando, em determinado momento, tal discrepância tende a se tornar uma ruptura, há o que fazer? Segundo o CEO da Airbnb, sim. Uma postura que não poderia ser diferente, afinal, o que é dito por ele afeta diretamente o valor das ações da empresa que preside.
Vale ressaltar, ainda mais nos EUA, que a ruptura da discrepância “oferta & demanda” pode levar a uma drástica crise imobiliária, o que pode remeter a 2008 e ter efeitos imprevisíveis.
Airbnb teve seu primeiro ano lucrativo em 2022, o que leva a pensar que existem recursos financeiros para planejamento e execução de “ideias estratégicas” para minimizar tal contexto desfavorável, que tem sua força ainda muito restrita ao território americano.
Recentemente, a Airbnb executou uma ação promocional em que era possível alugar uma casa da Barbie em Malibu. Obviamente, uma ação sincronizada ao lançamento do filme de uma das maiores bilheterias dos últimos tempos. Pessoas puderam dormir em um dos quartos da Barbie, algo que pode ser inesquecível para a vida de um ser humano.
A campanha de comunicação e promoção digital foi um sucesso e muito bem visto pelos acionistas da plataforma, visto que foi capaz de alcançar 250 milhões de pessoas nas redes sociais. Muitas vezes, acionistas são facilmente iludidos.
Vai resolver o imbróglio estratégico? Sinto dizer que não.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.