Por Messi, agora os meninos vestem rosa
Muito me felicitou a indicação do artigo do The New York Times como genitor de meus comentários despretensiosos dessa semana.
As meninas da Macfor perceberam nesse velho professor de marketing rabugento um certo apreço pelo futebol, o que certamente foi constatado em função de algum comentário que disparei em alusão ao time mais amado e odiado do país. Aquele cujo estádio é uma “catedral” localizada em Itaquera e que possui o melhor time feminino da América Latina.
E não há como fugir desses fatos, a maior torcida do país (aquela que torce somente para um time) se orgulha da versão feminina de sua equipe, o que é ainda facilitado pelo “amontoado” de jogadores da versão masculina. Uma verdadeira dicotomia entre o que há de melhor e pior. Mas assim é o time da zona leste de São Paulo, um reflexo de outras tantas dicotomias que insistem em permanecer na história desse país adolescente.
Mas o futebol tem força capaz de quebrar paradigmas, ainda que, por vezes, nem pense em fazê-lo. A conjunção entre uma paixão, um protagonista e uma indústria pode ser perfeita para romper fronteiras. E ninguém melhor para que isso ocorra do que Lionel Messi, cujo “histórico de atleta” é algo que nem mesmo o melhor roteirista seria capaz de escrever.
Não vou me atrever aqui escrever sobre sua história, evidentemente, mas me ater ao recente fenômeno mercadológico associado a ele.
Sua ida para um time de pouca notoriedade num país sem a mínima expressão futebolística, a não ser pela seleção feminina de lá, foi algo que ineditamente causou estranheza e julgamentos antecipados pelos analistas, comentaristas, entusiastas e fãs dessa prática esportiva.
O que pouco se imaginava era o tamanho real do potencial mercadológico associado a Messi. Vale a leitura detalhada do artigo do TNYT, cuja consistência pouco se encontra nos jornais daqui. O Inter Miami definitivamente entrou para história do futebol, seu estádio ficou (com ingressos custando mais caro) e a camisa cor-de-rosa com o número 10 com o nome de Messi, a mais vendida do planeta.
Até mesmo o ex-jogador inglês bonitão da série do Netflix, sócio do referido clube, tem dificuldades para adquirir uma camisa do capitão da atual seleção campeã do mundo.
Messi é mais que um fenômeno.
Foi capaz de influenciar toda a cadeia produtiva de um poliéster reciclado cor-de-rosa que começa no sudoeste asiático, a gerar centenas de milhões em receita a partir de um único produto, bem como criar uma indústria paralela de imitação e falsificação “globalizada”.
Ouso afirmar que tudo isso não aconteceria da mesma forma com qualquer outro jogador da atualidade. Nem a volta de Cristiano Ronaldo ao Manchester United causou tamanho alvoroço, tão pouco a ida de alguns famosos ao mundo das arábias.
Dentro de campo, Messi é de outro planeta. Fora de campo, muda a cor do planeta.
Agora os meninos vestem rosa. Com muito orgulho.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
Cadastre-se para receber a BRING ME DATA toda segunda para não perder as principais novidades e tendências do mercado com opiniões de grandes especialistas.
As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.