Nessa coluna, a ideia é ir na contramão das redes, ou seja, chegar propositalmente atrasado no hype para falar de um assunto que já morreu. Dessa forma, se garante uma análise mais autêntica e isenta da intenção primordial de se ganhar likes, dislikes, comentários doces ou amargos. Como fica evidente, esse velho professor de marketing rabugento tem certo apreço em andar na direção oposta daquilo que impõe como o que se deve fazer.
Pois bem, muito se falou tempos atrás a respeito da possibilidade de a seleção brasileira de futebol ter um de seus uniformes alternativos composto com uma camisa vermelha. Foi um furdúncio nas redes sociais, como muitos de vocês devem ter percebido.
Inevitavelmente, o mais interessante não deixou de ser aqueles comentários “teoria da conspiração”, afirmando, com toda certeza que possa existir, que se tratava de uma articulação do Governo Federal (como se ele pudesse interferir nisso) ou que a Nike lançou uma “fake news” somente para elevar seu nível de awareness (como se ela precisasse disso) em padarias, bares, estádios, igrejas ou baladas.
Como se trata de algo que envolve aspectos de paixão coletiva, quer seja de cunho político-partidário, futebolístico ou de ganho de engajamento, o hype chegou aos quatro cantos das redes. Do padre na missa ao atendente na padaria, todos falando disso. E, em se tratando de paixão, pouca importância se dá à razão. Algo que só confirma o jargão antigo que a associa a qualquer ser desprovido de visão.
Considerando somente aspectos racionais, fica difícil entender por que tal fenômeno gerou tamanha repercussão e comentários dos mais variados tipos de alucinação. A “coisa” é bem simples de se ver, ainda que difícil de ser enxergada por muitos.
Antes de tudo, vale lembrar que a CBF é uma entidade brasileira, mas ela não é do país Brasil. Trata-se de uma entidade privada que administra a prática do futebol em seus mais variados níveis e categorias. A NIKE é uma empresa privada fabricante de artigos esportivos e patrocinadora da seleção brasileira de futebol. Logo, existe um contrato devidamente acordado e registrado entre essas duas instituições. E, pelo visto, tal contrato prevê que os uniformes do referido time são administrados por esse patrocinador no que se refere a sua concepção, fabricação e uso.
Logo, nada há a se comentar sobre o fato do terceiro uniforme da seleção canarinha ser vermelho. Absolutamente nada, ainda mais quando isso faz parte de uma campanha global do referido fabricante associada à Copa do Mundo e a sua parceria com a Jordan Brands. Em termos de marketing, nada mais coerente e justificável. E sim, existem canários vermelhos, antes que você pense que não. Você pode não gostar deles, mas eles existem.
Entretanto, e como diria um antigo apóstolo, “tudo me é permitido, mas nem tudo me é conveniente”. Discussões apaixonadas não deveriam ser discussões, ainda mais quando se trata de política ou futebol. São irracionais, efêmeras e desprovidas de inteligência.
A NIKE vai voltar atrás? Não se sabe ainda. Se a copa fosse no Brasil, ousaria dizer que seria uma certeza. Como é nas terras do Tio Sam, ouso arriscar que ela poderá manter sua campanha como foi concebida.
Afinal, o mercado consumidor de lá é muito maior do que o daqui, ainda mais em tempos de copa, que por ser um período muito bem datado, propicia ações promocionais desse tipo. Isso é um argumento racional, por excelência. Quando for sabido como a “coisa” vai se dar, outro hype vai surgir, isso é certo.
Quem mais sofre com essa situação toda? O vermelho! Que já existia antes da cor vermelha existir, do futebol existir e do comunismo existir. Antes de todos nós existirmos. Nossos dias são vestidos de vermelho desde que nascemos. Se é para se discutir com emoção, que seja na contramão da paixão, ao menos.
Te desafio a responder: Qual é a cor que o vermelho tem?
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.