O carro mais vendido não está mais à venda
Mais do que sabido, o automóvel de marca GOL já não tem mais unidades “0km” à venda nas concessionárias Volkswagen. Tudo acabou nesse mês de maio, ainda que sua fabricação tenha se encerrado no último mês de dezembro.
O carro com nome de companhia aérea, em 42 anos de história, vendeu cerca de 8,5 milhões de unidades, o maior número entre todos os modelos já disponibilizados desde o início da indústria automobilística nacional.
Um feito que ainda será lembrado por gerações de entusiastas da marca alemã. Os japoneses podem se gabar ainda mais por conta do Toyota Corolla, o mais vendido na história da humanidade que, ainda vivo, vem ficando cada vez mais “moderninho” com sua motorização híbrida e, quem sabe, num futuro próximo, com motorização a hidrogênio.
Trata-se de dois grandes feitos de indústrias que mal existiam ao final da Segunda Guerra Mundial. As nações derrotadas nesse evento estúpido e insano, Alemanha, Itália e Japão, passaram a ter as maiores indústrias automobilísticas do planeta décadas depois.
Coincidência? Nem é preciso tentar responder. Perderam a guerra, mas saíram ganhando.
O acidental leitor pode se perguntar: “Por que parar de fabricar o carro mais vendido? Por que simplesmente não manter o nome da marca e fazer do POLO a evolução GOL? Seria mais fácil, não?
Nem seriam necessários tempo e investimento para criação de uma nova marca! Além disso, trata-se de uma marca que vale muito mais do que a marca do esporte a cavalo, não?”
Seriam ótimos questionamentos para VW num podcast, ainda sabendo que as respostas seriam recheadas de retóricas mercadológicas mirabolantes. Na verdade, questões estratégicas desse tipo jamais têm suas motivações explicitadas de forma verdadeira e sempre estarão muito bem escondidas.
O que nos resta é fazer inferências. Caso contrário, o que seriam dos “veículos” de imprensa especializados em negócios, marketing, finanças, comunicação… ?
Também fica aqui a lembrança da última propaganda em que o GOL apareceu como protagonista. Na peça de propaganda televisiva, seu irmão mais novo recebe o bastão glorioso como futuro novo protagonista do carro que virá a ser o mais vendido. Será?
O que chamou mais atenção foi a pobreza de criatividade da referida ferramenta de comunicação. Um jogador de futebol em fim de carreira e uma adolescente que, ao que tudo indica, acabara de adquirir sua CNH.
Ambos jogando futebol com uma bola gigante dentro de seus respectivos carros, o velho e o novo. Ao ver pela primeira vez, me veio à mente um questionamento estratégico relevante: “Jura mesmo que é isso?”
Isso porque a referência em minha mente era a campanha de despedida da Kombi. Fica a recomendação para que assistam no YouTube. Pouco mais de quatro minutos que fazem qualquer pessoa, que tenha tido uma KOMBI em sua história, verter algumas lágrimas.
A melhor campanha de “deslançamento” da indústria automobilística mundial em toda sua história. Criada e concebida por um querido ex-aluno.
Fazer algo muito bem feito pode ser um problema.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.