No dia 15 de agosto, comemora-se o Dia dos Solteiros. A gente aproveitou a data para analisar o mercado de apps de namoro e explorar as mudanças e novas tendências dessas plataformas.
Imagem: Unsplash
No entanto, o cenário está mudando. Com o aumento do cansaço dos usuários e uma queda nos downloads desses apps, muitos solteiros estão buscando novas formas de se conectar e encontrar parceiros, seja através de métodos mais tradicionais ou explorando novas plataformas não convencionais.
Entenda mais sobre o Dia dos Solteiros e essas transformações que estão moldando o futuro dos relacionamentos.
Qual é o Dia dos Solteiros?
O Dia dos Solteiros é comemorado em duas datas diferentes. No Brasil, é celebrado no dia 15 de agosto, uma data em que os solteiros podem valorizar a convivência consigo mesmos ou considerar futuras relações amorosas.
Internacionalmente, o Dia dos Solteiros é comemorado em 11 de novembro, uma data que se originou na década de 1990 na China, quando estudantes da Universidade de Nanquim começaram a celebrar o fato de serem solteiros.
Essa celebração acabou ganhando grande popularidade, especialmente no comércio, sendo comparada à Black Friday na China devido aos grandes descontos e promoções.
Neste Dia dos Solteiros, os apps de namoro estão encontrando mais desafios do que oportunidades para engajar o seu público.
Plataformas como Tinder e Bumble passam por uma fase de dificuldade ao tentar atrair e reter usuárias femininas, especialmente entre a Geração Z. Esse público é importante para a sobrevivência e crescimento desses canais, mas tem demonstrado sinais claros de desgaste e frustração com as experiências oferecidas.
Nos últimos três anos, observou-se uma tendência de declínio no uso dos apps de namoro, que aponta para uma mudança mais ampla no comportamento romântico e sexual.
As ações do Bumble caíram 33%, resultando em uma perda de aproximadamente US$350 milhões em valor de mercado, após a empresa sinalizar que seus esforços para revitalizar o app não conseguiram impulsionar o crescimento.
O setor de apps de namoro, apesar de ter gerado US$5,5 bilhões em receita global em 2022, com o Match Group sozinho respondendo por US$2,8 bilhões, mostra sinais de esgotamento.
Burnout de apps de namoro
Estudos mostram que uma grande parcela das usuárias femininas experimenta um fenômeno conhecido como “burnout” em aplicativos de namoro.
Uma pesquisa da Bumble revelou que 70% das mulheres que utilizam a plataforma sentem-se esgotadas, o que aponta para uma saturação no uso dessas ferramentas.
Esse esgotamento é atribuído ao excesso de interações superficiais, falta de conexões significativas, e a pressão constante para manter conversas.
Desigualdade de gênero e segurança
A disparidade de gênero nos aplicativos de namoro é outro fator que agrava o desafio de engajamento. Dados da empresa de pesquisa Mintel indicam que, no Reino Unido, por exemplo, 47% dos homens entre 18 e 34 anos usaram um site ou app de namoro no último ano, comparado a apenas 25% das mulheres na mesma faixa etária.
Essa diferença cria um ambiente em que as mulheres são bombardeadas com mensagens, muitas vezes de natureza indesejada ou até mesmo agressiva.
Um levantamento global do Pew Research Center de 2023 reforça essa preocupação, apontando que mais da metade das mulheres com menos de 50 anos que usaram aplicativos de namoro receberam mensagens ou imagens sexualmente explícitas não solicitadas.
Além disso, mais de 10% dessas mulheres relataram ter recebido ameaças de violência física.
Queda nos downloads de apps de namoro
O número de downloads de apps de namoro atingiu seu pico em 2019, com 287,4 milhões, mas caiu para 237 milhões em 2023. Uma redução de mais de 50 milhões na procura.
Mesmo o Tinder, anteriormente líder do setor, viu suas taxas de download anual caírem desde seu auge em 2014. Essa queda é mais acentuada entre os usuários mais jovens, com 79% da Geração Z relatando cansaço dos apps de namoro.
Branding dos apps de namoro
O Bumble, antes visto como uma alternativa progressista com uma abordagem centrada nas mulheres, enfrenta dificuldades não apenas pela falta de apelo dos apps entre os usuários mais jovens, mas também por sua imagem que pode ser considerada “cheugy”, ou seja, fora de moda e tentando demais parecer relevante.
Para combater essas questões, tanto o Tinder quanto o Bumble têm investido em novos recursos de segurança e moderação de conteúdo.
No entanto, essas medidas, embora importantes, nem sempre são suficientes para mudar a percepção das usuárias. A experiência de uma usuária em um aplicativo de namoro é altamente influenciada pela segurança percebida e pela qualidade das interações que ela tem na plataforma.
Além disso, a Geração Z, que é nativa digital, tem expectativas diferentes em relação à experiência online. Este grupo valoriza a autenticidade e a inclusão, e tende a rejeitar plataformas que não conseguem atender a essas expectativas.
Mais encontros presenciais neste Dia dos Solteiros
De acordo com as tendências, este Dia dos Solteiros deve ter menos usuários de apps de namoro e mais solteiros dispostos a se encontrarem pessoalmente.
Enquanto os apps de namoro mais conhecidos enfrentam dificuldades, métodos alternativos para conhecer parceiros potenciais estão crescendo em popularidade.
- Eventos de solteiros presenciais tiveram um ressurgimento notável, com um crescimento de 42% na participação nos EUA em 2023 em comparação ao ano anterior, superando os níveis pré-pandemia.
- Eventos de solteiros com jogos de tabuleiro aumentaram 400% na participação de 2022 para 2023.
Essa mudança para encontros presenciais reflete um desejo crescente por mais humanidade, especialmente após o distanciamento social prolongado durante a pandemia de Covid-19 e o aumento de interações geradas por IA.
Métodos tradicionais e nostálgicos, como anúncios pessoais em newsletters populares e serviços de matchmaking assistidos digitalmente, estão ressurgindo.
Tendencia de e-dating
O “e-dating”, ou namoro pela internet fora dos apps de namoro, parece ser mais atraente do que o namoro baseado em aplicativos.
Redes sociais como Twitter, Instagram e LinkedIn estão sendo vistas como novas plataformas de encontros, com as pessoas preferindo a interação mais direta e satisfatória do que o simples deslizar de fotos nos apps.
Novas tendências de apps de namoro para acompanhar neste Dia dos Solteiros
À medida que o mercado de apps de namoro enfrenta desafios, novas tendências estão surgindo, transformando a maneira como as pessoas se conectam e encontram parceiros.
O cansaço com os métodos de “swipe” e as preocupações com segurança e autenticidade estão levando os usuários a explorar novas formas de buscar relacionamentos, muitas vezes fora dos aplicativos de namoro convencionais.
Linkedin como app de namoro
Uma das tendências mais inesperadas é o uso do LinkedIn como uma plataforma de encontros. Embora seja uma rede profissional, muitos usuários estão aproveitando seus filtros robustos para encontrar parceiros em potencial com base em critérios como educação, setor de atuação e carreira.
A lógica por trás disso é que um perfil profissional pode oferecer uma representação mais confiável de uma pessoa, especialmente em comparação com os perfis tradicionais de aplicativos de namoro, que podem ser menos autênticos.
Segundo uma pesquisa da DatingNews.com, 52% dos entrevistados entre 20 e 40 anos nos EUA afirmaram ter conhecido alguém através de plataformas de networking como o LinkedIn.
Gamificação e conexões alternativas
Além do LinkedIn, outros aplicativos que não têm o foco em namoro estão sendo usados como meios de conexão.
Um exemplo interessante é o Duolingo, uma plataforma de aprendizado de idiomas, que, apesar de não ter sido projetada para encontros, tem sido responsável por unir pessoas de diferentes partes do mundo.
A mesma lógica se aplica ao Strava, um aplicativo de rastreamento de atividades físicas, onde pessoas com interesses semelhantes em exercícios acabam se conectando de forma orgânica.
Insights para o Dia dos Solteiros
À medida que as tendências nos apps de namoro evoluem, com uma diminuição nos downloads e um aumento no cansaço dos usuários, é preciso se adaptar para capturar o interesse de um público cada vez mais exigente.
Os solteiros estão buscando experiências mais autênticas, tanto online quanto offline, e isso cria uma oportunidade para marcas e empresas que oferecem algo além do convencional. Eventos presenciais, experiências personalizadas e novos formatos de conexão digital surgem como alternativas valiosas aos modelos tradicionais de namoro.
Para as marcas, o Dia dos Solteiros pode ser uma data estratégica para lançar campanhas focadas em autoexpressão, bem-estar e novas formas de socialização.
Com o crescimento de métodos de encontros alternativos e a popularidade de plataformas não tradicionais, como LinkedIn e Duolingo, existe um potencial inexplorado para atingir consumidores que buscam mais do que apenas um relacionamento, mas também uma experiência enriquecedora.
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