O marketing político na era da comunicação digital e das redes sociais tornou-se um dos pilares para campanhas eleitorais de sucesso.
Hoje, o cenário político exige que candidatos e suas equipes se adaptem rapidamente às novas formas de comunicação e engajamento com o eleitorado.
Segundo especialistas, vivemos uma era de “espetacularização da política”, onde “tudo é válido para chamar a atenção”. Esse ambiente oferece grandes oportunidades, mas também impõe limites rigorosos.
Atualmente, o profissional que domina as ferramentas digitais e sabe “falar a nova língua do eleitor” tem maiores chances de conquistar espaço no campo eleitoral, como observado no exemplo do presidente indonésio Prabowo Subianto, para citar um caso de visibilidade global.
Ao utilizar redes como TikTok para humanizar sua imagem e se conectar com o público jovem, ele transformou sua campanha em um fenômeno eleitoral, mesmo com um passado controverso. D aí a importância das mídias sociais e da criação de uma narrativa visual e interativa que dialoga diretamente com o eleitorado.
No Brasil, o marketing político tem regras estritas e diversas práticas são proibidas por lei.
Veja a seguir como estruturar uma campanha de marketing político dentro dos limites legais, aproveitando ao máximo as estratégias digitais.
O que é marketing político?
Marketing político é o conjunto de estratégias e ações usadas para construir e consolidar a imagem de um político ou partido ao longo de sua trajetória. Seu objetivo vai além das eleições e abrange a comunicação contínua com o público, a manutenção da credibilidade e a gestão da reputação.
Esta área do marketing envolve desde o planejamento estratégico de discurso até a escolha de canais de comunicação e técnicas de persuasão, que ajudam a moldar a percepção dos eleitores em torno de ideias, valores e propostas.
Na prática, isso inclui a construção de uma identidade visual, a gestão de crises, o posicionamento em temas polêmicos e a interação com a mídia.
Marketing político nas redes sociais
Com o surgimento das redes sociais, o marketing político passou a ser uma ferramenta ainda mais dinâmica, permitindo maior interação com o público e a criação de campanhas mais rápidas e direcionadas.
Essas ações são especialmente importantes em contextos fora do período eleitoral, quando o foco é consolidar a presença política, influenciar debates e gerar impacto contínuo na sociedade.
O marketing político visa, portanto, manter um político ou partido relevante, garantindo que suas ideias estejam sempre em evidência e que ele possa se comunicar de forma eficaz com os eleitores.
Qual a diferença entre marketing político e marketing eleitoral
Embora muitas vezes usados como sinônimos, marketing político e marketing eleitoral têm funções e focos distintos.
Marketing político
É uma estratégia contínua e de longo prazo que abrange todo o ciclo de vida de um político ou partido. Ele inclui a gestão da imagem, o posicionamento em pautas relevantes e a construção de uma marca política.
Esse tipo de marketing acontece durante todo o mandato, com o objetivo de manter a confiança e a relevância, além de fortalecer a conexão com o público em tempos não eleitorais.
Marketing eleitoral
O markteting eleitoral, por sua vez, é uma parte específica do marketing político, focada exclusivamente no período eleitoral. Seu principal objetivo é convencer os eleitores a votarem em um candidato ou partido em uma campanha.
Essa área envolve a elaboração de mensagens impactantes, uso de jingles, produção de materiais publicitários, debates e comícios, tudo com o objetivo de ganhar votos dentro de um período limitado. Ele é temporário e intensivo, cessando logo após o fim das eleições.
Enquanto o marketing político trabalha a longo prazo para construir uma imagem sólida, o marketing eleitoral é uma campanha de curta duração, focada em vencer as eleições. Ambos são complementares, mas requerem abordagens diferentes e habilidades específicas.
Como fazer um plano de marketing político
Criar um plano de marketing político eficiente envolve um processo estratégico para conectar o candidato ou mandatário com os eleitores e, ao mesmo tempo, fortalecer sua imagem pública.
O objetivo desse plano é entender o cenário atual (momento A) e traçar um caminho claro para alcançar os objetivos futuros (momento B). Abaixo está o passo a passo para elaborar um plano de marketing político.
1. Diagnóstico do candidato ou mandatário
A primeira etapa do plano de marketing político é realizar uma análise detalhada do candidato ou mandatário, considerando todos os aspectos da sua vida pessoal e profissional.
Isso ajudará a identificar as forças e fraquezas, além de levantar os principais pontos de dor. A partir dessa análise, será possível definir a estratégia central da campanha. Aqui estão os pontos principais que devem ser analisados:
- Vida profissional e pessoal: Quais são os principais desafios e realizações?
- Histórico político-partidário: Qual é o histórico de filiações e atuação política?
- Formação acadêmica e crenças: Como a educação e as convicções moldam sua visão política?
- Apoiadores e adversários: Quais são os principais aliados e opositores políticos?
- Cluster eleitoral: Quem é o público-alvo da campanha e quais são seus perfis?
- Bandeiras temáticas e propostas: Quais são as ideias centrais que serão defendidas?
- Esqueletos no armário: Há algo que possa prejudicar a campanha no futuro?
- Forças e fraquezas: Quais são os maiores trunfos e desafios do candidato?
Este diagnóstico vai orientar o posicionamento do candidato, com foco na imagem, propostas e bandeiras temáticas que serão usadas na campanha para atrair eleitores.
Veja também:
2. Definição de cenários: CP e CRP
Para ajustar os planos táticos e estratégicos da campanha, é importante assumir premissas claras dentro de dois cenários:
Cenário político
Envolve a análise do contexto político mais amplo, como a confiança no governo atual, questões econômicas e sociais relevantes. Isso inclui a identificação de crises, reformas, e o comportamento do eleitorado em relação a temas críticos.
Cenário de representação da política
Refere-se ao cenário simbólico e midiático da política. Aqui, é importante entender como o candidato é representado e percebido pela mídia e pelos eleitores. A construção da narrativa depende de pesquisas de opinião, que permitem captar a imagem que está sendo formada a partir das interações públicas.
3. Pesquisa de mercado e análise do eleitorado
Com base no diagnóstico e nos cenários político e midiático, é essencial conduzir pesquisas para entender o público-alvo e as suas expectativas. Ferramentas como o Google Keyword Planner, entrevistas, redes sociais, e grupos de interesse devem ser usadas para mapear:
- Desejos e aspirações: quais são as principais expectativas dos eleitores?
- Problemas enfrentados: quais são os pontos de dor que o candidato pode resolver?
- Segmentação do eleitorado: identifique grupos homogêneos com características semelhantes, como faixa etária, gênero, classe social e interesses. Isso ajudará a construir personas, ou seja, perfis ideais de eleitores que guiarão a comunicação de forma personalizada.
Estabeleça objetivos claros para o plano de marketing, tanto de curto quanto de longo prazo. Esses objetivos podem incluir:
- Aumentar a visibilidade do candidato em determinada região ou grupo demográfico.
- Melhorar a percepção pública sobre determinada bandeira temática.
- Ampliar o engajamento nas redes sociais ou em eventos públicos.
- Garantir um certo número de votos ou intenções de voto em um período específico.
As metas devem ser mensuráveis e realistas, com prazos definidos para acompanhamento e ajustes durante a campanha.
5. Presença digital e estratégias de engajamento
A presença digital do candidato deve ser robusta e bem planejada. É necessário mensurar o “tamanho” da presença online tanto do candidato quanto de seus adversários, utilizando uma série de métricas, como:
- Crescimento diário, semanal e mensal nas redes sociais.
- Número de posts versus nível de interação (comentários, reações, compartilhamentos).
- Engajamento geral e por post.
- Comparação de formatos de conteúdo (vídeos, imagens, textos) e seus respectivos desempenhos.
Além disso, é fundamental construir estratégias para aumentar o engajamento de forma contínua, ajustando o conteúdo conforme a resposta dos eleitores.
Posts mais interativos e que conversem diretamente com o público têm maior potencial de viralização.
Veja também:
6. Marcos temáticos e propostas
A campanha deve se concentrar em bandeiras temáticas que atendam às expectativas e prioridades dos eleitores. Isso significa alinhar os principais temas da campanha com as necessidades identificadas durante a pesquisa. Alguns exemplos de bandeiras incluem:
- Educação de qualidade
- Segurança pública
- Melhoria no sistema de saúde
- Crescimento econômico e geração de empregos
Esses temas precisam ser constantemente revisados e adaptados conforme o feedback dos eleitores e a evolução do cenário político.
7. Análise da concorrência e estratégia de diferenciação
É essencial conduzir uma pesquisa aprofundada sobre os adversários políticos. Isso inclui:
- Atributos positivos e negativos: Compreender a imagem pública de cada oponente.
- Razões do voto: Analisar por que os eleitores estão inclinados a apoiar determinados candidatos.
- Pesquisa netnográfica: Explorar os canais digitais para identificar padrões de comportamento e opiniões sobre os adversários.
Com essas informações, será possível criar uma estratégia de diferenciação, destacando o que torna o candidato único e superior em relação aos outros.
Veja também
Marketing político 2024: principais tendências
Com as mudanças no comportamento do eleitor e o avanço das tecnologias, o marketing político em 2024 está cada vez mais dinâmico e interativo.
Para se destacar em um ambiente competitivo, as campanhas devem acompanhar as tendências e adaptar suas estratégias de comunicação e engajamento. A seguir, estão as principais tendências que do marketing político neste ano.
Narrativa autêntica
Em tempos de fake news, candidatos precisam construir uma narrativa verdadeira e próxima da realidade do eleitor, mostrando quem são e o que representam, além das promessas de campanha.
Redes sociais
Instagram, TikTok e podcasts continuam a ser as principais plataformas de engajamento. Elas permitem um contato direto e informal com o eleitor, mas precisam ser usadas estrategicamente para evitar o afastamento do público.
Data-driven e microtargeting
O uso de big data permite segmentar audiências e personalizar mensagens, garantindo que a campanha fale diretamente com diferentes grupos de eleitores e suas principais preocupações.
Ferramentas de fact-checking e respostas rápidas a fake news são essenciais para manter a credibilidade do candidato e neutralizar ataques de desinformação.
Transparência e diálogo
O eleitor moderno valoriza autenticidade e espera que os candidatos estejam abertos ao diálogo. O marketing político em 2024 deve ser uma via de mão dupla, onde as campanhas ouvem e respondem às demandas dos eleitores.
Essas tendências mostram que, mais do que nunca, uma abordagem estratégica, transparente e centrada no eleitor é fundamental para o sucesso eleitoral.
Marketing político: o que pode e o que é proibido
No marketing político brasileiro de 2024, algumas regras importantes definem o que é permitido e o que é proibido durante as campanhas eleitorais.
O que é permitido:
- Propaganda nas ruas e na internet: candidatos podem usar redes sociais e ferramentas de impulsionamento para promover suas campanhas, desde que o conteúdo impulsionado seja devidamente identificado e registrado junto à Justiça Eleitoral.
- Comícios e caminhadas: realização de comícios e eventos públicos, como carreatas, é permitida até datas específicas próximas ao pleito.
- Uso de IA: candidatos podem utilizar inteligência artificial para criar conteúdos, desde que seja claro que o material foi manipulado ou fabricado com essas tecnologias
O que é proibido:
- Disparos em massa: enviar mensagens em massa, especialmente via aplicativos como WhatsApp, é proibido.
- Propaganda em outdoors: a veiculação de anúncios em outdoors, inclusive os digitais, não é permitida.
- Fake news e deepfakes: o uso de conteúdo falso ou manipulado para difamar adversários é rigorosamente vetado, assim como a criação de deepfakes.
Compreender as nuances entre marketing político e marketing eleitoral é fundamental para o sucesso de candidatos e partidos. O marketing político, com sua abordagem contínua, permite a construção de uma reputação sólida e um relacionamento de confiança com o eleitorado, enquanto o marketing eleitoral oferece estratégias específicas para mobilizar e conquistar votos em períodos críticos.
Ao integrar essas duas vertentes de forma eficaz, profissionais e aspirantes na área de marketing político podem desenvolver campanhas mais impactantes, adaptadas às demandas de um eleitorado que valoriza autenticidade, transparência e conexão real.
No final das contas, a capacidade de ouvir e dialogar com o público pode ser o diferencial que torna uma campanha verdadeiramente vitoriosa.
Assine a BRING ME DATA
Receba todas as notícias e análises de marketing que mais importam toda semana no seu e-mail. Assine a melhor newsletter de marketing: BRING ME DATA.