Em breve, será possível fumar um Marlboro totalmente ESG
A sugestão de pauta da coluna dessa semana, ainda que de forma não intencional, parece ser irônica. O acidental leitor desta coluna já constatou que os devaneios escritos aqui sempre têm uma pauta sugerida pelo editorial deste blog. Na prática, se trata de comentar um ou dois artigos publicados nos tradicionais veículos em suas colunas de “negócios”.
Pois bem, mal sabiam os jovens administradores desse blog que esse professor é um fumante do cigarro de marca Marlboro, fabricado pela já tão conhecida Philip Morris. Uma coincidência ou uma provocação? Seja lá o que for, vale o devaneio.
Recentemente, a CNN Brasil publicou em site oficial uma matéria em que o destaque principal era a intenção da fabricante de produtos a base de tabaco em se tornar cada vez mais ESG, ainda que os parâmetros específicos para isso ainda sejam indefinidos, para todo e qualquer negócio.
À primeira vista, uma ironia. Entretanto, a matéria destaca pontos importantes, como o fato de que atualmente quase um terço da receita da companhia vem das vendas de seus produtos sem fumo, os ditos cigarros elétricos ou eletrônicos, como o leitor preferir. O mais surpreendente é a intenção de se tornar uma empresa majoritariamente sem fumo nos próximos dois anos. Será mesmo?
O fato verdadeiro é que empresas fabricantes de cigarro, já há certo tempo, tendem a não ser desejadas como locais para se construir uma carreira promissora. Tão pouco são prioridade para fundos de investimento. Fica claro, então, a busca por não ser mais tabaco e por ser mais ESG.
Somado a isso, vem o fato da crítica severa em relação ao emprego de mão-de-obra infantil na cadeia produtiva dos cigarros “a tabaco”. Surpreendentemente, a Philip Morris ainda não conseguiu rever essa questão que a persegue há décadas. Com toda certeza, investimentos existiam para isso.
Em termos mercadológicos, é prudente questionar se esse fato em específico fez algum fumante deixar de adotar a marca Marlboro como sua companheira diária para momentos de angústia ou felicidade. Creio que não.
Se tornar ESG vai se configurar como um fator relevante para a adoção da marca por usuários de produtos de seus concorrentes? Creio que não. Todos os fatos descritos aqui, bem como na matéria da CNN Brasil, irão impactar o consumo dessa marca para os já usuários da mesma? Creio que não.
Por via das dúvidas, é bom começar a estocar o produto.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.