Musk versus Tesla: mais atrapalha que ajuda?
O recente evento promovido pela holding de Elon Musk, o Investor Day, chamou a atenção, dentre outros motivos, por ser um espetáculo protagonizado por uma trupe de executivos, algo inédito diante de todos os monólogos acontecidos até então.
Na prática, um espetáculo ausente de seu tradicional e único “protagonista”. Uma ruptura tão marcante que levou alguns estrategistas atentos a considerar que um recado estava sendo dado ali.
Sendo estritamente professoral, a questão gira em torno do conceito de imagem de marca. A Tesla já não é mais uma startup, onde, dependendo do contexto mercadológico, do momento de sua história e opção estratégica, sua imagem de marca está fortemente ligada à de seu fundador. Em sendo a opção escolhida, vem a pergunta: Funciona? Como esse professor sempre diz a seus alunos, a resposta para toda e qualquer pergunta de marketing é sempre: depende!
Essa resposta pode ser um subterfúgio para busca de uma resposta que não se tem, mas também uma armadilha que obriga o interlocutor a emitir duas ou mais respostas. Tudo vai depender da velocidade do cérebro naquele momento.
Assim sendo, o vínculo da imagem pessoal com a imagem institucional pode ser um artifício inteligente para acelerar a busca de investidores para uma startup. Afinal, nessa fase, o mais importante é ter um bom discurso performático, muito mais do que um plano de negócio verdadeiramente consistente.
A análise de risco dessa opção de vínculo entre duas personalidades de marca, muitas vezes, desconsidera o quão universal ou unânime é a imagem de marca pessoal do “startupeiro fundador”. O contexto é de uma imagem pessoal já consolidada, ainda que não conhecida, em contraponto a uma imagem em construção. Diante disso, pode-se chegar a uma imagem institucional indissociável de uma imagem pessoal.
Pessoas podem mudar, se estiverem acostumadas a fazer isso. Para o bem e para o mal.
Estaria o fundador da Tesla disposto a mudar sua personalidade para o benefício dos investidores da Tesla? Acredito que você já sabe a resposta. O resultado da enquete que Musk realizou recentemente junto a usuários do Twitter a respeito de sua permanência como CEO dessa rede social diz muito. E ela, com certeza, não foi: Depende!
Em tempo: o principal concorrente da Tesla no mundo é a chinesa BYD, que ainda não a ultrapassou nas vendas de carros “puramente” elétricos, mas que já a superou quando se leva em conta também os carros híbridos nessa conta. Não vai demorar para Tesla cair para segunda posição. O principal investidor americano da BYD? Warren Buffett. Tire suas conclusões…
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.