Now and Then e a inteligência artificial dos Beatles
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem revolucionado diversos setores, incluindo o mundo das artes e publicidade. Recentemente, dois casos distintos trouxeram à tona discussões éticas sobre o uso dessa tecnologia. O mais recente é o da “última música” dos Beatles, Now and Then.
Por puhimec/envato
Vamos explorar cada um deles e analisar por que o caso dos Beatles pode ser visto como mais eticamente plausível do que o da Elis Regina.
Os Beatles e a Now and Then
Em uma iniciativa para reviver uma canção inacabada dos Beatles, a IA foi empregada para separar a voz de John Lennon do som do piano em uma demo gravada em 1978.
Esta música, “Now and Then”, foi completada com contribuições dos membros sobreviventes da banda e lançada juntamente com material promocional e um documentário. A tecnologia permitiu dar vida a um projeto artístico inacabado, ao mesmo tempo respeitando e celebrando o legado da banda.
Elis Regina e o anúncio da Volkswagen
A Volkswagen, por outro lado, usou técnicas de deepfake e IA para recriar a falecida cantora Elis Regina em uma campanha publicitária. A propaganda mostra Elis cantando ao lado de sua filha, Maria Rita, enquanto dirige uma Kombi.
O Conar (Conselho Nacional Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária) abriu um processo ético para avaliar a legitimidade desta ação, levando em conta preocupações sobre a ética de usar a imagem de uma pessoa falecida para fins comerciais sem consentimento explícito.
Inteligência artificial e a ética e o respeito à memória
Em Now and Then dos Beatles, a iniciativa teve a participação e aprovação dos membros sobreviventes e de Yoko Ono, que entregou as fitas originais. No caso de Elis Regina, a ausência de um consentimento explícito da artista ou de sua família torna o uso de sua imagem mais controverso.
A IA foi usada para completar o projeto artístico de Now and Then dos Beatles, enquanto no caso de Elis Regina, a tecnologia foi utilizada para fins comerciais, colocando a artista em um contexto de publicidade de um produto.
Now and then, ainda que finalizada postumamente, baseia-se em uma obra autêntica de Lennon. Já a recriação de Elis Regina pode levantar questionamentos sobre a veracidade e o respeito ao seu legado.
A canção dos Beatles, ainda que finalizada postumamente, baseia-se em uma obra autêntica de Lennon. Já a recriação de Elis Regina pode levantar questionamentos sobre a veracidade e o respeito ao seu legado.
Possíveis conclusões
Ambos os casos geram lucro para seus criadores, mas diferem significativamente na abordagem ética. O caso dos Beatles é percebido como mais eticamente plausível por envolver consentimento, respeitar o legado artístico e empregar a IA de forma a homenagear e completar uma obra.
Em contrapartida, o caso de Elis Regina destaca a necessidade de diretrizes claras e consentimento no uso póstumo de imagens em contextos comerciais.
Ao analisar esses casos, fica evidente que, enquanto a IA abre portas para inovações criativas, é imperativo navegar cuidadosamente as águas éticas, respeitando legados, consentimentos e sensibilidades culturais.
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