O mercado de apostas – as bets no Brasil – estão em crescimento exponencial. Contudo, esse avanço têm gerado efeitos nos comportamentos de consumo que estão preocupando executivos de grandes empresas. Descubra por quê.
Este fenômeno, impulsionado por uma população jovem e conectada, tem capturado a atenção de consumidores e investidores, mas também gerado preocupações grandes player do mercado.
Conheça as razões por trás desses receios e o impacto das apostas nas tendências de consumo no Brasil, especialmente entre as classes C e D.
Por que as bets estão preocupando executivos de grandes empresas no Brasil?
Marcelo Pimentel, CEO do GPA (Grupo Pão de Açúcar), e Fred Trajano, CEO do Magazine Luiza, estão entre os executivos que trouxeram à tona o impacto crescente das apostas esportivas online, ou as bets no Brasil.
Em um evento do Santander, Pimentel destacou que o rápido crescimento desse setor exige uma regulamentação mais rigorosa para proteger os consumidores, especialmente devido ao aumento do endividamento entre a população de baixa renda.
Segundo ele, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) está monitorando de perto essa tendência para entender melhor seu impacto no consumo de produtos essenciais.
Fred Trajano também ressaltou que, embora não haja um impacto imediato perceptível nas vendas de produtos de sua empresa, o crescimento exponencial das bets no Brasil é preocupante a longo prazo, pois pode levar ao desvio de renda das classes de menor poder aquisitivo.
A preocupação dos executivos é que uma parcela dos recursos que poderiam ser direcionados ao consumo de bens de necessidade e investimentos sejam drenados para um mercado de alto risco e baixo retorno financeiro.
Impacto das bets na nas tendências de consumo no Brasil
As apostas esportivas são vistas e difundidas como uma forma de entretenimento. No entanto, os dados mostram que essa atividade está se tornando uma fonte de preocupação para muitos brasileiros.
Um estudo da Kantar revelou que 53% dos apostadores têm o objetivo de ganhar dinheiro, enquanto o entretenimento e o passatempo somam menos de 30%.
Isso indica uma mudança no comportamento do consumidor, que vê nas apostas uma maneira de obter renda extra, em vez de apenas uma atividade recreativa.
Essa motivação financeira tem implicações na dinâmica de consumo do Brasil, particularmente entre as classes C e D, que compõem a maior parte dos apostadores.
Com uma parcela relevante de sua renda direcionada para apostas online, há uma menor disposição de gastar em bens e serviços essenciais.
O Banco Central do Brasil relatou que o nível de endividamento das famílias brasileiras atingiu 50,4% da renda acumulada nos últimos 12 meses, o maior índice da série histórica.
A preocupação é que uma parte desse endividamento possa estar ligada ao aumento dos gastos com apostas.
Outro ponto relevante é a percepção de retorno financeiro entre os apostadores. Apenas 1/3 dos brasileiros relataram a sensação de que ganham mais do que perdem em apostas esportivas .
Isso significa que dois terços dos apostadores têm uma percepção negativa sobre seu desempenho financeiro nessa atividade, o que pode levar a problemas financeiros mais graves, como dívidas e perda de patrimônio.
Essa situação pode ser ainda mais crítica para as classes C e D, que têm menos resiliência financeira e dependem de um orçamento mais restrito para suas necessidades diárias.
Como evitar os riscos nas tendências de consumo
A discussão sobre a regulamentação das bets no Brasil está cada vez mais presente no debate público. Executivos como Pimentel e Trajano defendem uma regulamentação mais rígida para proteger os consumidores dos riscos financeiros associados a esse mercado emergente.
Um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sugere que a regulamentação poderia incluir:
- limites de aposta;
- restrições de idade;
- transparência sobre as probabilidades de ganho;
- campanhas de conscientização pública sobre os riscos envolvidos.
Além disso, a regulamentação também pode ajudar a mitigar o impacto das apostas na economia em geral, garantindo que parte das receitas geradas pelo setor seja revertida para programas sociais e de educação financeira.
Essas medidas podem ajudar a equilibrar a relação entre entretenimento e risco, permitindo que o setor cresça de forma sustentável e que os consumidores sejam melhor protegidos.
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