O rebranding do Twitter para X é o fim de uma era marcado pela dor de cabeça para os profissionais de marketing.
Em teoria, o fato de que o passarinho do Twitter virou um X faz sentido. O Twitter tem passado por um estado de fluxo desde outubro, em grande parte devido ao caos causado pelo seu controverso ex-CEO e proprietário.
Aqui você também vai entender por que o Twitter foi suspenso no Brasil em 2024 e por que ele já voltou a funcionar.
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O rebranding parece ser uma tentativa clara de encerrar o capítulo da sua gestão anterior e abrir outro relacionado ao futuro. Elon Musk, que comprou a plataforma por mais de US$45 bilhões, tem sido explícito sobre sua intenção de transformar o Twitter em um “aplicativo para tudo”, assim como o WeChat, onde as pessoas podem fazer uma infinidade de coisas, desde comprar produtos até conversar com amigos.
O Twitter carregava uma pesada bagagem – muita coisa boa e ruim – relacionada à sua essência como rede social tradicional. Agora isso deve mudar de figura, mas ainda não está claro em que sentido.
De acordo com os grandes especialistas em social media como James Greenfield, que falou sobre o assunto ao Digiday, o que tanto os profissionais de marketing quanto os usuários desejam do Twitter é consistência, mas agora isso está ainda mais longe de acontecer.
Toda repaginação de marca e nome deve ser feita com cuidado e gradualmente, mas, o que aconteceu foi um tanto quanto caótico. Elon Musk está em um mindset de produto para a plataforma: testar rápido, mover-se rapidamente e quebrar coisas se for necessário. Mas isso pode não ser o melhor caminho quando esse “produto” é usado por milhoes de pessoas que precisam confiar na plataforma para seguir usando-a;
Considerando o histórico de Musk com o Twitter, esse último movimento abrupto só aumenta essas preocupações existentes. Na verdade, isso ainda mina qualquer confiança restante, se é que havia alguma, que os profissionais de marketing poderiam ter na plataforma.
A principal preocupação de marcas e anunciantes é como esse rebranding afetará a funcionalidade da plataforma e suas contas existentes.
São investidos recursos significativos pelas marcas para construir sua presença no Twitter, e qualquer mudança pode potencialmente impactar no engajamento e alcance. Hoje, o cenário para os próximos meses da plataforma é incerto, o que torna difícil planejar com antecedência, manter a confiança e até mesmo criar campanhas.
As marcas geralmente precisam criar todos os recursos de site e gráficos que incluem o logo do Twitter e todo o texto relacionado a eles. É preocupante não saber como isso vai evoluir, se poderá voltar a ser o Twitter ou se a plataforma mudará de nome ou deixará de existir. Todas essas perguntas tornam difícil confiar na marca existente ou na nova marca.
É válido lembrar que há pouco tempo que Musk admitiu que a receita de publicidade do Twitter caiu 50%, o que claramente indica que, embora os profissionais de marketing tenham retornado à plataforma, eles não estão gastando nem metade do que gastavam antes.
O momento escolhido para o rebranding, além de não ter sido bem recebido, é bastante questionável. Alguns especialistas sentem que a mudança para o nome X foi apenas uma reação impulsiva à repercussão positiva que a Meta recebeu em relação ao novo concorrente do Twitter, o Threads.
De forma geral, a mudança é apenas mais um sinal de incerteza no aplicativo. E se a intenção do X é ser um “app para tudo”, isso gera muitas perguntas sobre o que isso significa para o negócio principal. O que fica claro é que o Twitter dos últimos 17 anos se foi e não deve voltar.
Questionado sobre o rebranding do Twitter, o designer que desenvolveu o logo tradicional da plataforma, Martin Grasser, disse o seguinte: “o desafio é que a letra “X” é nítida e agressiva, não são apenas duas linhas que se cruzam. Há mudanças de peso e alinhamento que acontecem na interseção do “X”. O desafio é torná-lo amigável como o logo anterior. O nome faz mais sentido para o futuro aplicativo de tudo”.
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Agora que o passarinho azul icônico se foi, o Twitter deve ficar conhecido como X, isso parte da visão de longa data do proprietário Elon Musk de eventualmente criar um “aplicativo para tudo” que vá além de fórum de mídia social e seja um app de serviços bancários, pagamentos, conteúdo e muito mais.
Esse modelo é popular em outros mercados, incluindo a China, mas ainda não decolou nos Estados Unidos.
“X é o estado futuro de interatividade ilimitada – centrada em áudio, vídeo, mensagens, pagamentos/bancos – criando um mercado global para ideias, produtos, serviços e oportunidades”, disse a CEO do Twitter, Linda Yaccarino, em um tweet. “Impulsionado pela inteligência artificial, o X nos conectará de maneiras que estamos apenas começando a imaginar.”
A ênfase no X, no entanto, pode diminuir a familiaridade de “tweetar”. Segundo analistas, algumas estimativas sugerem que o Twitter poderia perder bilhões de dólares de valor com essa mudança.
Embora a visão de Musk seja transformar o X em um ‘aplicativo para tudo’, isso requer tempo, dinheiro e pessoas, três coisas que a empresa perdeu em grande volume.
Ainda mais nesse momento, os usuários desencantados do Twitter tendem a buscar cada vez mais o Threads, enquanto a empresa de Musk continua perdendo dinheiro.
Veja o comparativo entre o Twitter e o Threads.
A suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil, iniciada em agosto de 2024, foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devido a várias violações legais por parte da plataforma.
Entre os principais motivos estavam a falta de um representante legal no Brasil e o descumprimento de ordens judiciais para bloquear contas que disseminavam desinformação e promoviam ataques às instituições democráticas.
O descumprimento dessas ordens resultou em multas significativas, que chegaram a mais de R$ 28 milhões, além da suspensão da rede.
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Sim, após mais de um mês de suspensão, o X voltou a funcionar no Brasil, mas o retorno está acontecendo de forma gradual.
Em 8 de outubro, o STF autorizou o desbloqueio da plataforma após o cumprimento das exigências legais e o pagamento das multas.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi responsável por notificar as operadoras, mas devido ao grande número de provedores no país, o desbloqueio pode levar tempo para alcançar todos os usuários.
A liberação completa depende da implementação da medida por cada operadora, o que gera uma variação no acesso dos usuários
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