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Não é de hoje
que o Google se envolve em polêmicas relacionadas aos resultados de pesquisas
feitas em sua plataforma. E bem na verdade, a discussão está longe de ter
um fim, especialmente porque o mecanismo que compila informações e fornece
resultados para as buscas é controverso e misterioso.
Reconhecido como
o sistema de buscas mais utilizando na Internet no mundo todo, o Google foi o
primeiro site que organizou informações na rede, tornando-as acessíveis e
úteis para quem desejasse consultar. Antes do Google, acredite, as pesquisas
eram realizadas a partir de informações coletadas em enciclopédias, livros,
recortes de jornal, dicionários entre outros materiais impressos. Imagina só o quanto
todas essas ações demoravam para chegar a um resultado satisfatório?
Incontáveis
horas de trabalho e muito tempo dispensado para pesquisar, reunir e coletar
tantas referências. Dificilmente uma pesquisa aprofundada sobre qualquer
assunto, poderia ser concluída em um dia, que dirá em poucas horas, como muitas
vezes fazemos atualmente.
Por tudo isto é
indiscutível a importância do Google na recente história da humanidade. Ousaria
até dizer que chegará um dia, não muito distante, no qual o mundo será dividido
em Antes do Google e Pós Google.
Não apenas por
promover um acesso maior a um número irrestrito de dados, mas principalmente
pela rapidez com a qual soluciona as dúvidas de seus usuários, o Google hoje é
uma das melhores e mais eficientes ferramentas de buscas, que temos acesso. As
informações estão a um clique, disponíveis em dispositivos que cabem na palma
da mão. Se contássemos isso para nossos avós, com certeza não acreditariam em
toda tecnologia e facilidade que a modernidade nos traria.
Contudo, será
mesmo que podemos confiar piamente em todos os resultados de pesquisa que o
Google nos fornece? Não estamos aqui, discutindo links patrocinados, nem
estratégias de Marketing Digital e sim, a confiabilidade dos resultados
orgânicos que são apresentados nas buscas.
E aí, já parou
para pensar sobre todo esse processo?
Sem querer fazer
o advogado do diabo e bem ao estilo Teoria da Conspiração, se nunca questionou
o quanto essas informações fornecidas nas mais variadas formas de conteúdo,
como textos, imagens e vídeos, podem tendenciar ou manipular determinadas
situações é bom começar a analisar.
Esse artigo,
nada mais é do que um convite à reflexão, a partir de algumas informações que
vamos passar. Senta, que lá vem história!
Casos que colocaram o Google sob suspeita
Você acredita
que mentir é o mesmo que omitir? Crê que apesar de legais, algumas coisas são
imorais? Inspirados nessas máximas populares, te convidamos a fazer uma análise
a partir de 5 casos verídicos que polemizaram os resultados de pesquisa do
Google. Acompanhe!
Caso1 – Em 2016, um pouco antes das eleições norte-americanas, Donald Trump
acusou o Google de manter notícias negativas sobre a então candidata Hilllary
Clinton, longe do acesso de seus usuários.
Caso2 – Algum tempo atrás quando um usuário digitava a palavra esposa na busca do Google, aparecia diversas imagens de algemas, o que causou um grande alvoroço nas redes sociais, em especial no WhatsApp. Veja a explicação para o fato e entenda, que às vezes não há nada demais por trás da polêmica.
Caso3 – Também em 2016 rolou uma polêmica envolvendo a pesquisa de uma expressão no sistema de buscas. Se digitasse “Three Black Teenagers” aparecia imagens de presidiários negros, enquanto que se a pesquisa fosse alterada para “Three White Teenagers”, só aparecia jovens considerados dentro de um padrão de beleza estabelecido pela mídia. Confira a matéria do renomado jornal inglês The Guardian sobre sociedade e racismo, relacionado ao caso Google.
Caso4 – Em um passado recendo quando se buscava a palavra Ruivas, no Google,
aparecia opções de sites pornográficos, enquanto que se estivesse escrita no
sentido masculino, ou seja, “ruivo”, aparecia realmente imagens de homens
ruivos.
Caso 5 – Parecido com o caso anterior, as palavras enteada e enteado também possuem diferenças, quando buscadas no Google. No feminino estava na maior parte relacionada a sexo com padrasto, enquanto que no masculino, as imagens eram referentes a meninos e padrastos. Confira a matéria do Catraca Livre sobre esse assunto.
Independente
de questões políticas, misóginas, sexuais, raciais e até bobagens, criadas
apenas para gerar polêmicas, quem ou o que de fato é responsável pelos
resultados de pesquisa?
Segundo
o Google, seu próprio algoritmo! E quem é esse
cara?
Vamos te apresentar a seguir.
É tudo culpa do algoritmo!
Faz parte da
personalidade humana tentar justificar um erro, colocando a culpa no outro.
Como bem diz a célebre frase do filósofo francês Sartre, “O inferno são os
outros”.
Aproveitando o
momento de reflexão filosófica para contextualizar uma situação, você se lembra
do bordão ‘Isso é tudo culpa do Chaves”, expressão usada pelos personagens
do seriado mexicano, para justificar qualquer coisa que desse errado na
história?
Parece apenas
coisa de ficção, no entanto, na realidade os fatos não são muito diferentes e
em diversas situações da vida é comum e cômodo acusar o outro. Pare e pense: independente
se ser ou não culpado, não era bem mais fácil acusar o menino pobre que morava
no barril, até por ele não ter muito como se defender, do que assumir a
responsabilidade e tudo que tem por trás dela?
De uma certa forma é o que o Google faz com o pobre Algoritmo, que no fim das contas, não tem mesmo como se defender.
Em praticamente
todos os casos listados acima, quando o gigante das buscas decidiu se
pronunciar, sempre se isentou da responsabilidade, justificando que quem
determina os resultados que aparecerem nas buscas, indiscriminadamente é sempre
o Algoritmo.
Mas, será que
com toda tecnologia envolvida no mecanismo Google de busca, o que determina os
resultados é tão somente o nosso “menino pobre”, cuja funcionalidade de verdade
é praticamente desconhecida?
Será que ao
viver, talvez, o momento mais espetacular da inteligência artificial, não seria
ingenuidade imaginar que apenas um único mecanismo, que não é explicado com
precisão nem por quem o criou, é o responsável por tamanha incumbência, cujos
resultados são indiscutíveis e irreparáveis?
Você ainda acredita em coincidências?
Quando se fala
em rede mundial de computadores e todo universo que a envolve, crer que algo
acontece por acaso, é quase o mesmo que acreditar em Papai Noel, ou Coelhinho
da Páscoa. Chega uma hora, que essa inocência acaba sendo sinônimo de falta de
discernimento.
Na prática, como funcionam os robôs do Google?
Quando uma
pessoa inicia uma pesquisa, através de um termo, ou palavra-chave, os
servidores do buscador Google, iniciam um processo de rastreamento, nos mais de
30 trilhões de pages armazenadas na Web.
A partir daí os robôs analisam os milhares de resultados, baseados em alguns critérios – daí a importância de ter boas noções de SEO (Search Engine Optimization, ou Otimização para mecanismos de busca), mostrando aos usuários, apenas aquilo que ele entende como útil e referente aquilo que foi buscado.
Nesse ponto, não
é difícil imaginar o quanto os resultados podem manipular as massas. Não
estamos afirmando que isto é feito, no entanto, não dá para ignorar o quanto
seria possível, caso a plataforma desejasse, afinal, o acesso ao conhecimento,
nesse caso, depende única e exclusivamente daquilo que eles desejam
disponibilizar para os usuários.
A polêmica e
curiosidade envolvendo o funcionamento da pesquisa sempre foi tanta, que há
alguns anos o Google lançou um espaço chamado
How Search Works, que em tradução livre significa “Como a Pesquisa Funciona”.
O objetivo era
justamente tentar descrever, pelo menos um pouco, aos usuários, como é que funciona
seu mecanismo. Explicar, explicou, porém, convencer é outra história!
Saiba um pouco sobre o polêmico autocompletar do Google
E já que falamos em máximas populares no texto
acima, vamos jogar mais uma no ar, pois agora falaremos sobre o autocompletar
das pesquisas Google. E aí, de boas intenções o inferno está cheio?
Segundo o próprio Google, a função da
ferramenta autocompletar em seu sistema de buscas é sugerir aos usuários uma
facilidade na hora de fazer suas pesquisas. Ele combina tópicos mais procurados
e palavras-chave. O problema é que muitas pessoas levantam a questão do quão
inusitadas podem ser essas sugestões dependendo das pesquisas que são feitas. Aposto
que já aconteceu com você de começar a escrever alguma coisa no buscador e ele
lhe apresentar outra totalmente diferente daquilo que buscava.
E há quem vá além de achar o autocompletar
apenas inusitado. Tem gente que afirma que a função é tendenciosa e pode até
influenciar politicamente os usuários. E por falar em política, esta última análise,
começou a ser discutida, justamente por questões políticas.
Mais uma vez, o primeiro a levantar a suspeita
foi o presidente americano Donald Trump, ao acusar o Google, de tal ato.
A polêmica teve início, ainda durante
as pesquisas eleitorais, quando o Google apresentava sugestões diferentes de
seus concorrentes, em seu auto completar, para pesquisas relacionadas a Hillary
Clinton, especialmente quando os assuntos eram ruins para a candidata
democrata.
Além disso, segundo
denunciaram alguns jornais na época as sugestões que apareciam não fariam
sentido, segundo o próprio mecanismo de tendência do site, o Google Trends.
Na ocasião, o
mecanismo indicava termos como “Hillary Clinton indctiment” (“Hillary Clinton
acusações”), até oito vezes mais procurado do que “Hillary Clinton India”,
primeira sugestão que aparecia no buscador. Então por que será que isto
acontecia?
É o que o
buscador teve que explicar para as pessoas, inclusive porque aparecem outras
divergências em dados relacionados aos demais concorrentes – Donald Trump e
Bernie Sanders.
Na época, o
Google publicou um manifesto público, mais uma vez baseado na responsabilização
do algoritmo.
Veja a íntegra
da nota:
“Quando os usuários digitam consultas na barra de pesquisa
do Google, nosso objetivo é garantir que eles recebam as respostas mais
relevantes em questão de segundos. A busca não é usada para definir uma agenda
política e nós não distorcemos nossos resultados em direção a qualquer
ideologia política. A cada ano, fazemos uma centena de melhorias aos nossos
algoritmos para garantir que eles exibam conteúdo de alta qualidade em
respostas às consultas dos usuários. Trabalhamos continuamente para melhorar a
pesquisa do Google e nunca ranqueamos os resultados da pesquisa para manipular
o sentimento político”.
Apesar da resposta, muita gente ainda contesta a veracidade da explicação. No entanto, não cabe a nós acusarmos. Mais uma vez ressaltamos o convite à reflexão.
Pluralidade de fontes
Lembra lá no
início do texto quando explicamos como as pessoas faziam antigamente quando
precisavam fazer uma pesquisa?
Vamos
recapitular. Desprovidas de um sistema de buscas mais completo, elas precisavam
pesquisar em várias fontes para chegar a alguma conclusão. Coletavam as
informações mais relevantes, faziam um compilado e a partir daí estavam prontos
para terem suas próprias interpretações sobre determinados assuntos.
E talvez, seja
exatamente na pluralidade de fontes, que devemos focar, como uma alternativa
para fugir de uma possível manipulação. Apesar de ser o maior buscador da
Internet, o Google não está sozinho. Ele tem concorrência!
Então, que tal fazer um teste? Em uma próxima pesquisa que for executar, tente procurar também em outras plataformas. Se não conhece outras, clique aqui e confira uma lista dos principais concorrentes do Google.
Com certeza,
você perceberá resultados diferentes, o que lhe dará uma visão melhor da
realidade.
Em suma, de modo
geral, se é verdade que o Google, manipula os resultados de suas buscas, a
partir de interesses pré-estabelecidos, ele também se permite manipular, caso
contrário não existiriam os links patrocinados com seus resultados
direcionados. Mas, isto é assunto para um outro artigo.Para
finalizar, aí vai mais duas perguntas: Depois de tudo que leu, ainda acredita
na isenção do Google e de seu mecanismo? E em contos de fadas, acredita?