O cenário do e-commerce no Brasil está passando por uma transformação significativa com a chegada de gigantes chineses como Shopee, Shein e AliExpress.
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Essas empresas, conhecidas por seus preços agressivos e extensivo catálogo de produtos, têm desafiado as varejistas nacionais, impactando de maneira substancial a dinâmica do mercado.
O e-commerce no Brasil alcançou uma receita de US$ 39,862 bilhões em 2024, um crescimento impressionante que coloca o país à frente de mercados como a Espanha.
Projeção do e-commerce no Brasil
A projeção é que continue a crescer a uma taxa composta anual de 8,9% até 2028, elevando o volume de mercado para US$56,001 bilhões de acordo com estudo do e-Commerce Analytics Hub.
Esse crescimento é impulsionado principalmente pelo setor de eletrônicos, que representa 31,9% da receita do comércio eletrônico, seguido de moda com 27%.
A entrada da Temu, ainda que não oficializada no Brasil, já mostra uma forte presença em termos de downloads de aplicativos, superando marcas estabelecidas como Marisa, Zara e Pernambucanas.
Isso reflete não apenas uma mudança no comportamento do consumidor, mas também destaca a capacidade de penetração de mercado dessas novas plataformas, que apelam tanto para a variedade quanto para a acessibilidade de preços.
O mercado de varejo digital no Brasil é liderado pelo Mercado Livre em termos de downloads, seguido por Magalu e Amazon. Entretanto, Shopee e Shein estão rapidamente ganhando espaço, não apenas através de vendas, mas também adaptando suas operações para incluir mais vendedores locais.
Ranking dos maiores e-commerces do Brasil em faturamento
Aqui estão os dados sobre o faturamento dos maiores varejistas online no Brasil em 2023, apresentados em bilhões de reais (R$ bilhões), de acordo com a fonte Varese Retail:
- Mercado Livre: 107,9 bilhões
- Magalu (Magazine Luiza): 45,6 bilhões
- Amazon BR: 25 bilhões
- Shopee: 20 bilhões
- Casas Bahia: 18,7 bilhões
- Americanas: 10,1 bilhões
Estes números ilustram o impacto substancial da presença online no mercado de varejo brasileiro, destacando o Mercado Livre como líder claro em termos de faturamento, seguido por outras grandes empresas que também desempenham um papel significativo na economia digital do país.
Impacto da chegada das varejistas chinesas
1. Concorrência desleal e questões regulatórias: A acusação de vender produtos de risco, conforme reportagem da Folha de S.Paulo, aponta para uma das principais críticas ao modelo de negócios dessas empresas.
O varejo nacional tem levantado preocupações sobre a venda de produtos sem aprovação de órgãos reguladores como Inmetro e Anvisa, o que configura uma concorrência desleal, pois essas empresas não estão sujeitas aos mesmos impostos e regulamentações que as brasileiras.
2. Mudanças na estrutura de mercado: A chegada dessas plataformas, associada ao contexto de crise de grandes empresas nacionais como a Americanas, que enfrentou grandes desafios financeiros, indica um rearranjo no mercado de varejo digital brasileiro.
A adoção do programa “Remessa Conforme” pelo governo brasileiro, que isenta de imposto de importação compras de até US$ 50, tem sido um ponto de tensão, levando a discussões sobre suas implicações para o mercado local.
3. Estratégias de localização: Empresas como Shopee estão adotando estratégias de “nacionalização”, com 90% de suas vendas provenientes de comerciantes locais, conforme reportagem da Folha de S.Paulo.
Este movimento pode ser uma maneira de mitigar críticas sobre práticas de mercado desleais e fortalecer sua presença no mercado nacional.
Desafios e oportunidades para o varejo nacional
1. Pressão sobre os custos e aquisição de clientes: o relatório do Goldman Sachs sobre o setor indica que a chegada de novas plataformas como Temu e TikTok Shop deve manter a concorrência e os custos de aquisição de clientes em alta.
Isso pode resultar em mais pressão financeira sobre varejistas nacionais, especialmente aqueles já enfrentando dificuldades financeiras.
2. Adaptação e inovação: as empresas brasileiras podem precisar adaptar suas estratégias para competir efetivamente.
Isso pode incluir investimento em tecnologia, melhoria na logística e experiência do cliente, e adaptação das políticas de preços para manter sua base de clientes.
3. Regulação e fiscalização: existe uma necessidade crescente de regulação e fiscalização mais efetiva para garantir que tanto os varejistas locais quanto internacionais operem em um campo de igualdade.
Isso inclui garantir a conformidade com as normas locais e a aplicação justa das leis fiscais e aduaneiras.
O que esperar do e-commerce no Brasil em 2024
A chegada das gigantes chinesas de varejo online ao Brasil representa tanto desafios quanto oportunidades para o mercado local.
As empresas nacionais precisarão inovar e talvez reinventar seus modelos de negócios para competir neste novo cenário.
Ao mesmo tempo, é crucial que exista uma regulamentação adequada para garantir que todos os jogadores do mercado operem de forma justa e segura, protegendo os interesses dos consumidores e a saúde do mercado de varejo brasileiro.
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