O mercado de vale-alimentação e vale-refeição no Brasil está em disputa. De um lado, quatro grandes empresas – VR, Alelo, Ticket e Pluxee (antiga Sodexo) – dominam 80% do setor, impondo taxas elevadas aos restaurantes e supermercados, que variam de 6% a 13% sobre cada transação.
De outro, fintechs e empresas de tecnologia estão vendo uma oportunidade para dispersar essa concentração e oferecer novas soluções digitais mais flexíveis e com menor custo para os estabelecimentos e usuários.
A ação de big techs nesse segmento ganhou força após a regulamentação do mercado, que entrou na mira do governo. Atualmente, a equipe econômica do governo brasileiro está estudando medidas para reduzir o custo da alimentação fora de casa e aumentar a concorrência no setor, que movimenta entre R$150 bilhões e R$200 bilhões por ano.
Uma das propostas discutidas é transferir a regulação do setor para o Banco Central, obrigando as operadoras de vale-alimentação a seguir regras mais rígidas, como a limitação de taxas cobradas dos lojistas e prazos reduzidos para repasse dos valores.
Diante desse cenário de possível abertura de mercado, fintechs como Flash, Caju e iFood Benefícios veem a chance de desafiar as líderes do setor, apostando em modelos que eliminam intermediários e reduzem custos operacionais.
Diferentemente das tradicionais, essas novas empresas utilizam redes de pagamento já existentes, como Visa e Mastercard, para credenciar estabelecimentos. Isso tornaria possível eliminar a necessidade de maquininhas exclusivas e reduzir as taxas cobradas dos comerciantes.
Um estudo da LCA Consultores aponta que essa mudança pode gerar uma economia de R$5,21 bilhões por ano, um valor que, em tese, poderia ser repassado ao consumidor final.
A disputa entre as operadoras tradicionais e as novas entrantes promete acirrar ainda mais nos próximos meses. As gigantes do setor alegam que a portabilidade entre operadoras pode gerar custos para os departamentos de RH das empresas, além de dificultar o controle sobre a destinação dos benefícios.
Já as fintechs argumentam que um mercado mais competitivo beneficiaria os usuários e impulsionaria a digitalização dos benefícios. A partir disso, o consumidor final pode esperar que o seu benefício de vale-alimentação ou vale-refeição evolua para um modelo mais justo, transparente e eficiente.
O que vai mudar no modelo de vale-alimentação
Atualmente, o mercado de vale-alimentação e/ou vale-refeição movimenta cerca de R$150 bilhões a R$200 bilhões por ano no Brasil.
Com a aprovação de uma lei em 2022 que reformulou o setor, fintechs como Flash, Caju e iFood Benefícios passaram a oferecer soluções inovadoras, visando reduzir a concentração das quatro grandes empresas que detêm 80% do mercado até então: VR, Sodexo, Alelo e Ticket.
As novas empresas, Flash, Caju e iFood Benefícios, propõem medidas como o compartilhamento de maquininhas e o acesso mútuo às redes de estabelecimentos, visando aumentar a competição e diminuir as taxas cobradas dos restaurantes e supermercados. Um estudo da LCA Consultores, encomendado pela iFood Alimentação, indica que essas iniciativas poderiam gerar uma economia de R$ 5,21 bilhões por ano, potencialmente repassada aos consumidores.
O que realmente pode mudar?
Além das mudanças já implementadas desde 2022, como a entrada de fintechs e o aumento da concorrência, o mercado de vale-refeição deve ficar ainda mais competitivo com o governo criando novas regulamentações. Veja as mudanças que mais vão impactar o mercado.
Portabilidade do vale-refeição
Assim como acontece com operadoras de telefonia, o governo estuda permitir que os trabalhadores escolham e troquem sua operadora de vale-refeição, em vez de ficarem presos à empresa contratada pelo RH de suas companhias. Isso aumentaria a concorrência e pressionaria as empresas a oferecerem melhores condições.
Compartilhamento de redes e maquininhas
Hoje, cada operadora tem sua própria rede de estabelecimentos credenciados e maquininhas exclusivas, o que aumenta os custos para os restaurantes e supermercados. A proposta de fintechs e algumas associações do setor é que todas as empresas compartilhem a mesma infraestrutura, reduzindo as taxas de administração e, consequentemente, os preços dos alimentos.
Regulação pelo Banco Central
Atualmente, as empresas de tíquetes operam sem a regulação direta do Banco Central, ao contrário de outras instituições financeiras. Caso a regulamentação avance, empresas de benefícios terão que seguir regras como limite de taxas e prazos de repasse mais curtos aos estabelecimentos, o que pode aumentar a transparência e reduzir custos operacionais.
Entrada da Caixa Econômica no setor
Algumas propostas sugerem que a Caixa Econômica Federal entre no mercado como uma operadora estatal de vale-refeição, criando mais uma opção e pressionando o mercado privado a reduzir taxas. Essa possibilidade, no entanto, gera resistência entre as empresas tradicionais, que argumentam que uma estatal pode distorcer a competição.
Expansão da digitalização e personalização
Empresas de tecnologia estão apostando em soluções digitais mais flexíveis, permitindo que os trabalhadores utilizem seus benefícios de forma mais personalizada. Isso inclui a possibilidade de acumular saldo entre diferentes categorias de alimentação ou até mesmo integrar benefícios a outros serviços financeiros, como cashback e cartões múltiplos.
O impacto dessas mudanças para consumidores e empresas
Se aprovadas, essas mudanças podem gerar grandes impactos. A maior concorrência e a redução de taxas cobradas dos estabelecimentos podem resultar em refeições mais baratas para o consumidor final. Além disso, a possibilidade de escolha e troca de operadora coloca mais poder nas mãos dos consumidores finais, que poderão optar por serviços com melhores condições.
Para as empresas que operam no setor, o desafio será adaptar-se a um mercado mais competitivo e transparente. Já para marcas e fintechs que apostarem nessa nova dinâmica, a oportunidade está em criar uma narrativa forte de inovação, acessibilidade e transparência, que pode conquistar consumidores insatisfeitos com os modelos tradicionais.
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