O “ano novo” para o mundo do futebol nacional, previsivelmente começa pela realização da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Assim acontece desde 1969, coincidentemente o ano do nascimento desse velho professor de marketing rabugento. Para os apaixonados por futebol, já se começa a falar da copinha antes mesmo do final do “ano velho”.
Para o universo das marcas, o “ano novo” também se inicia de forma previsível, segundo a dinâmica intrínseca aos “subuniversos” aos quais pertencem. Ouso arriscar que a maioria está à mercê de ciclos bem determinados de tempo. Afinal, demonstrativos de resultados existem a partir de uma referência marcada por unidades de trimestres, quadrimestres ou semestres.
Em termos culturais, a máxima do “nesse país o ano só começa depois do carnaval” nunca valeu para ambos os universos citados. Além da evidência futebolística citada, vale o exemplo do intenso trabalho da indústria cervejeira antes da realização de tais festividades. Não é nada errôneo afirmar que seja mais intenso antes do que depois da grande festa.
Nesse universo em específico, desde o início do ano, orações são dedicadas a toda e qualquer divindade existente do “outro lado” para que durante o carnaval o clima esteja muito seco, com elevadas temperaturas e que aconteça numa data em que as pessoas estejam com uns troquinhos a mais em seus cartões magnéticos. É a combinação perfeita para que o desempenho anual das vendas de cerveja seja o mais elevado possível.

Logo, universos também são regidos por imprevisibilidades que podem se conectar profundamente por conta disso. Nessa altura do campeonato, o acidental leitor(a) dessa coluna já sacou o que se passou pela mente desse escrevinhador metido a colunista para introduzir o assunto referenciado no título desse artigo. Em outras palavras, uma conjunção astral imprevisível até o final do “ano velho” entre o universo do futebol e o universo das marcas.
Não vou me ater aqui aos detalhes dos pormenores da negociação entre a celebridade e o clube. Muito se fala a respeito, pouco se comprova a respeito. Especulações que geram especulações em busca de likes e mais likes. Após ler várias notícias e artigos a respeito do fato, tenho a impressão de que ambos os universos, como não poderia deixar de ser, estão extremamente otimistas a respeito do que está por vir. Faz parte do jogo, obviamente.
Antes de tudo, vale considerar que se trata de um fenômeno regido fortemente por um componente que leva a tal otimismo exacerbado: a paixão. Quer seja a do torcedor santista, quer seja a dos “idolatrantes” da celebridade, quer seja a de ambos. E por se tratar de paixão, alguns aspectos se tornam claramente visíveis e de fácil justificativa para ambos os universos.
Afinal, quem ousaria afirmar que a chegada do “jogador” não traria nenhum ganho futebolístico ao time do Santos? Isso tem grandes chances de acontecer, ainda mais diante da atual situação do clube que acabou de subir para primeira divisão do campeonato brasileiro.
Para o universo das marcas, vale a mesma coisa. Pense comigo: se fazem necessários grandes argumentos técnicos para que diretores ou gerentes de marketing justifiquem investimentos em ações mercadológicas que envolvam tal “celebridade”? Basta seu nome como argumento, ainda mais para marcas com investimentos de comunicação grandes a ponto de não saberem onde mais investir.
Quanto tais ações mercadológicas trarão de retorno, em termos de efetivos, de resultados financeiros ou de awareness? Isso é um detalhe, para o Santos e para o jogador. O clube praiano terá um desempenho melhor com a chegada do jogador? Isso é um detalhe, para o universo das marcas e para a celebridade.
Uma coisa é certa. O jogador celebridade foi um péssimo investimento para o time das Arábias, ao contrário de Messi no time americano e Cristiano Ronaldo no outro time árabe. Típico problema que só se descobre depois de já ter acontecido. Antes de acontecer, a paixão traz a cegueira necessária ao otimismo e aos investimentos.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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